(Jó 9,1-12.14-16; Sl 87[88]; Lc 9,57-62)
26ª Semana do Tempo Comum.
“Clamo a vós, ó
Senhor, sem cessar, todo dia, minhas mãos para vós se levantam em prece. Para
os mortos, acaso, faríeis milagres? Poderiam as sombras erguer-se e
louvar-vos?”Sl 88,1.10b-11.
“Derek Kidner, em seu
comentário sobre Salmos chama o salmo 88 de ‘a mais triste oração’ em todo o
livro. É comum ler um salmo em que o escritor está com problemas ou dor e está
clamando a Deus por ajuda e alívio. Há muitos salmos de dor. Mas todos os
outros deixam (ou começam a deixar) o desespero e passam para uma resolução ou
crescente fé ou, pelo menos, um sentimento de esperança quase no final do
salmo. Não é o que ocorre com o salmo 88. Ele começa com ‘Deus me salva’, mas
termina com ‘trevas’. Não deveríamos ficar incomodados por haver um salmo como
este na Bíblia. Os problemas da vida nem sempre são resolvidos. Nem sempre temos
um final feliz. A vida é cheia de problemas, mesmo para cristãos comprometidos
e fiéis. O apóstolo Paulo foi muito realista sobre as dificuldades que podemos
enfrentar. Ele disse que, em um momento de sua carreira, perdeu ‘a esperança da
própria vida’ (2Coríntios 1,8) – e ele foi um grande líder dos cristãos. Muitos
de nós nos encontramos em um poço de desânimo muito mais vezes do que estamos
dispostos a admitir aos nossos amigos da igreja ou mesmo a Deus. – ‘Os cristãos
pensam que, para ser cristã, uma composição tem de terminar bem e tem de
explicitar uma clara lição ou moral. O salmo 88 é um lembrete de que a vida nem
sempre é assim. Pode haver uma moral perfeitamente boa do ponto de vista de
Deus; acredito que toda a vida tem um proposto divino. Mas isso não significa
necessariamente que podemos vê-lo ou que ele se tornará claro para nós’ (James
Boice)” (Douglas Connelly - Guia Fácil para entender Salmos -
Thomas Nelson Brasil).
Pe. João Bosco Vieira Leite