Quarta, 17 de outubro de 2018


(Gl 5,18-25; Sl 01; Lc 11,42-46) 
28ª Semana do Tempo Comum.

“Ai de vós, fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus” Lc 12,42.

Da Comissão espanhola de Justiça e Paz: “A Igreja, fiel transmissora da mensagem de justiça e de paz do Evangelho, é claro que deve sentir mais que ninguém a urgente necessidade de confirmar suas palavras com o testemunho e o exemplo de seus fatos. Isto exige dela que, na vida e no comportamento de todos os seus membros, bem como em suas estruturas humanas, mostre ao mundo a face da justiça e da paz. A história passada e atual da Igreja contém provas claras do caminho que ainda resta percorrer a fim de alcançar satisfatoriamente o nível da justiça e de paz que lhe impõe a mensagem evangélica. Também neste aspecto humano e cristãos deve-se dizer que a Igreja necessita sempre de reforma. Como comunidade de crentes em Cristo, deve revisar as relações de justiça entre seus membros, afim de salvaguardar os direitos humanos que correspondem a cada um, fugindo tanto da tentação de autoritarismo como da revolta, de pretender ter monopólio da verdade em assuntos opináveis, tanto de uma parte como da outra, de procura impor de modo abusivo os próprios critérios sem deixar lugar para o diálogo fraterno, de limitar arbitrariamente a liberdade alheia, e menosprezar o valor da opinião pública em seu seio, de deixar de cumprir os deveres da justiça na ordem econômica e social que ela exige em nome do Evangelho, de romper a concórdia e a paz por falta de mútua compreensão e humildade. Enquanto proclama os princípios que afetam a justiça e a paz e se esforça por aplica-los aos fatos reais do mundo em que vive imersa e dela mesma, deve assumir também o risco de denunciar profeticamente a injustiça, onde quer que essa se encontre ou pretenda instalar-se, mesmo quando ao fazê-lo concite contra ela, contra os membros de sua hierarquia ou de seu laicado, a crítica, a incompreensão e até o desprezo e a perseguição dos poderosos da terra. Está obrigada a afirmar sua liberdade, assegurando-a contra todo enfeudamento que provém da aceitação de privilégios, de honra, de posição ou dinheiro, que o mundo lhe ofereça. Deve evangelizar, como Cristo, os pobres, tornando-se pobre com eles. A paz na Igreja, como no mundo, exige um trabalho esforçado, árduo e constante, pela justiça. Trabalhar pela justiça é, portanto, para os crentes em Cristo, um imperativo do Reino de Deus (Mt 5,10). É o mesmo imperativo também para todo aquele que ama o homem e a sociedade e que, por isso, forma parte dos ‘homens de boa vontade’ de que fala a Palavra de Deus. Trabalho duro e fatigante. Arriscado inclusive, quando deve enfrentar de algum modo situações de injustiça. Mas só quem se presta a este trabalho pode aspirar à paz autêntica e, em definitivo, à plena posse da mesma em Deus. O trabalho pela justiça – como condição para consecução da paz – deve começar pela conversão pessoal ao espírito de paz, e pela decidida vontade de fazer desaparecer de cada um tudo aquilo que em nossa ação é causa de injustiças num âmbito maior ou menor da sociedade, quer seja doméstica, profissional, regional, nacional ou internacional (Dia Mundial da Paz de 1972. Sedoc. Ed. Vozes. Setembro 1973/349-350)” – (Leituras do Povo de Deus – Editora Beneditina Ltda – Salvador – Bahia).

 Pe. João Bosco Vieira Leite