(Gl 5,18-25; Sl 01; Lc 11,42-46)
28ª Semana do Tempo Comum.
“Ai de vós, fariseus,
porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas
deixais de lado a justiça e o amor de Deus” Lc 12,42.
Da Comissão espanhola de Justiça e
Paz: “A Igreja, fiel transmissora da mensagem de justiça e de paz do
Evangelho, é claro que deve sentir mais que ninguém a urgente necessidade de
confirmar suas palavras com o testemunho e o exemplo de seus fatos. Isto exige
dela que, na vida e no comportamento de todos os seus membros, bem como em suas
estruturas humanas, mostre ao mundo a face da justiça e da paz. A história
passada e atual da Igreja contém provas claras do caminho que ainda resta
percorrer a fim de alcançar satisfatoriamente o nível da justiça e de paz que
lhe impõe a mensagem evangélica. Também neste aspecto humano e cristãos deve-se
dizer que a Igreja necessita sempre de reforma. Como comunidade de crentes em
Cristo, deve revisar as relações de justiça entre seus membros, afim de
salvaguardar os direitos humanos que correspondem a cada um, fugindo tanto da
tentação de autoritarismo como da revolta, de pretender ter monopólio da
verdade em assuntos opináveis, tanto de uma parte como da outra, de procura
impor de modo abusivo os próprios critérios sem deixar lugar para o diálogo
fraterno, de limitar arbitrariamente a liberdade alheia, e menosprezar o valor
da opinião pública em seu seio, de deixar de cumprir os deveres da justiça na
ordem econômica e social que ela exige em nome do Evangelho, de romper a
concórdia e a paz por falta de mútua compreensão e humildade. Enquanto proclama
os princípios que afetam a justiça e a paz e se esforça por aplica-los aos
fatos reais do mundo em que vive imersa e dela mesma, deve assumir também o
risco de denunciar profeticamente a injustiça, onde quer que essa se encontre
ou pretenda instalar-se, mesmo quando ao fazê-lo concite contra ela, contra os
membros de sua hierarquia ou de seu laicado, a crítica, a incompreensão e até o
desprezo e a perseguição dos poderosos da terra. Está obrigada a afirmar sua
liberdade, assegurando-a contra todo enfeudamento que provém da aceitação de
privilégios, de honra, de posição ou dinheiro, que o mundo lhe ofereça. Deve
evangelizar, como Cristo, os pobres, tornando-se pobre com eles. A paz na
Igreja, como no mundo, exige um trabalho esforçado, árduo e constante, pela
justiça. Trabalhar pela justiça é, portanto, para os crentes em Cristo, um
imperativo do Reino de Deus (Mt 5,10). É o mesmo imperativo também para todo
aquele que ama o homem e a sociedade e que, por isso, forma parte dos ‘homens
de boa vontade’ de que fala a Palavra de Deus. Trabalho duro e fatigante.
Arriscado inclusive, quando deve enfrentar de algum modo situações de
injustiça. Mas só quem se presta a este trabalho pode aspirar à paz autêntica
e, em definitivo, à plena posse da mesma em Deus. O trabalho pela justiça –
como condição para consecução da paz – deve começar pela conversão pessoal ao
espírito de paz, e pela decidida vontade de fazer desaparecer de cada um tudo
aquilo que em nossa ação é causa de injustiças num âmbito maior ou menor da
sociedade, quer seja doméstica, profissional, regional, nacional ou
internacional (Dia Mundial da Paz de 1972. Sedoc. Ed. Vozes. Setembro
1973/349-350)” – (Leituras do Povo de Deus – Editora Beneditina Ltda – Salvador
– Bahia).
Pe. João Bosco Vieira Leite