30º Domingo do Tempo Comum – Ano B


(Jr 31,7-9; Sl 125[126]; Hb 5,1-6; Mc 10,46-52).

1. Nossa liturgia se abre com esse trecho do ‘Livro da Consolação’ do profeta Jeremias, onde Deus aparece indo ao encontro dos exilados que retornam. Aclama-se a Deus por sua generosidade e cuidado com os mais frágeis, realçando sua paternidade e ao mesmo tempo a capacidade de criar novos começos, canta o salmo.

2. A 2ª leitura segue em sua reflexão sobre o sacerdócio do Antigo Testamento, entre o sagrado e o humano, e o chamado divino. Cristo abraça todas essas realidades, mas diferentemente dos outros, seu sacerdócio é eterno, em Sua oferta contínua pelo bem da humanidade.

3. A caminhada de Jesus com seus discípulos chega ao fim com esse episódio do cego, que sinaliza como se dá o verdadeiro seguimento à Sua pessoa. No centro da narrativa está Bartimeu, cego e mendigo, que uma vez tendo recuperado a visão, deixa de pedir esmola e passa a seguir a Jesus.

4. Há um pequeno retrato do caminho da fé que brota dessa narrativa. Ele ouve falar que Jesus vai passar. Ele expressa o seu desejo de maneira acentuada, mas deverá vencer toda uma barreira que se lhe impõe para fazer sua voz chegar a Jesus.

5. Todo caminho de fé começa com a escuta da Palavra e com tomar posição perante a mesma. Do clamor do cego recolhemos a oração necessária. Toda relação autêntica com Deus precisa dessa base. Quanto aos obstáculos, quem crê em Jesus e quer segui-lo deve preparar-se para enfrentar obstáculos.

6. Ele é escutado e convidado pelo próprio Jesus. Ele dá um salto, lançando fora o manto, seu único bem, mas também um empecilho para o seu caminhar. No diálogo com Jesus, Bartimeu o reconhece como Mestre, dando um tom pessoal ao seu relacionamento com Ele, reconhecendo-o como Senhor de sua vida. Recupera e vista e passa a seguir a Jesus.

7. É pela oração confiante e perseverante que se chega ao coração de Deus. A resposta virá, como veio para Bartimeu, que não pensou duas vezes, libertando-se de tudo aquilo que tinha atrapalhado sua relação com Deus. Ele quer uma visão, uma instrução a cerca de como viver seu discipulado. Comumente queremos uma solução.

8. O tema da cegueira, dentro da Sagrada Escritura serve como paradigma da caminhada de fé de cada discípulo. Vimos o jovem rico, o pedido de João e Tiago e as diversas falhas apontadas no modo de caminhar e seguir a Jesus por parte dos discípulos em meio a multidão anônima.

9. Eis um convite para uma séria decisão pela pessoa de Jesus em meio a toda confusão e dificuldades que nos cercam. Que não nos falte o sentido de gratidão por esse seu ‘passar’ em nossa vida, em nosso caminho, dando-nos uma outra visão do nosso existir.

Pe. João Bosco Vieira Leite