29º Domingo do Tempo Comum – Ano B


(Is 53,10-11; Sl 32[33]; Hb 4,14-16; Mc 10,35-45)

1. Ouvindo esses poucos versículos do profeta Isaias, temos uma recordação do tempo quaresmal e seus textos relacionados com a paixão de Cristo. É novamente esse anúncio de sua paixão que escutaremos no evangelho, mas com que sentido?

2. O sentido da contemplação da dor de Cristo, na Sua fidelidade ao Pai, como serviço de salvação à humanidade. Assim seus discípulos devem entender que o seguimento passa por essa entrega confiante a Deus, iluminada pelo salmo que segue como resposta orante.

3. O autor da Carta aos Hebreus compara o sacerdócio de Cristo com os que o precederam no Antigo Testamento para concluir sua excelência na ausência de pecado em Jesus, que vivendo perfeita comunhão com Deus, alcança misericórdia para todos nós.

4. Mesmo não sendo um pecador, Jesus conviveu com a humanidade e é capaz de compreender quem somos; por isso podemos nos aproximar sem temor do trono da graça em meio às vicissitudes da vida.

5. Para entendermos a colocação de Jesus aos discípulos sobre a dimensão do serviço, precisamos compreender que Ele acabara de anunciar, pela terceira vez a sua paixão, quando, os filhos de Zebedeu, O surpreende com tal pedido. Eles representam a totalidade dos discípulos que não entenderam sua missão e proposta.

6. Ao acolher o desejo de João e Tiago, coloca-o numa perspectiva mais elevada, aquela do amor oblativo, que os convida a uma fidelidade na entrega de si mesmos, como fez Jesus, mas adverte-os que o seu reinado em nada se compara com o modo humano de pensar.

7. Para seguir Jesus, não basta uma disposição interior, regida pelas próprias forças, mas uma contemplação contínua de Sua pessoa como força inspiradora, capaz de uma entrega pessoal pela mesma causa que Ele abraçou: o ser humano.

8. O Evangelho quer lembrar que ninguém, ou mesmo a comunidade cristã, está isento da tentação da procura de uma imagem idealizada de si mesmo ou de ter poder sobre alguém ou alguma coisa. Isso requer uma autocrítica capaz de romper com essa competição que invade as relações e que obscurece muitos projetos comunitários.

9.  Jesus não ‘doura a pílula’, comprometer-se com Ele não é fácil, por isso se requer uma opção livre, consciente e generosa de si.

10. “A comunidade de Jesus, quando é autêntica, não pode deixar de ser alternativa aos esquemas mundanos do poder, e só quando é assim é que consegue testemunhar o seu Senhor, Aquele que, possuindo todos os poderes e glória, Se entregou até à morte, como servidor da Humanidade” (Giuseppe Casarim – Lecionário Comentado – Paulus).

Pe. João Bosco Vieira Leite