27º Domingo do Tempo Comum – Ano B


(Gn 2,18-24; Sl 128,1-6; Hb 2,9-11; Mc 10,2-16).

1. Encontramo-nos na compreensão inicial da Bíblia sobre a relação homem e mulher. O ser humano precisa de alguém à sua altura para se relacionar de um modo pleno. As coisas criadas ou mesmo os animais, não preenchem essa necessidade.

2. Esse encontro entre o homem e a mulher se expressa por uma exclamação de alegria, de assombro, admiração e descoberta. Que poderíamos traduzir como ‘enamoramento’ numa linguagem atual. Dizem que o amor acaba quando perdemos o encantamento pelo outro.

3. O texto deixa entrever, ao final, não uma ordem, mas um dado existencial: o desejo profundo do homem pela mulher, que serão uma só carne. Essa constatação é amenizada pela imagem da família constituída por ambos. Essa atração pode ser fecunda e expressar-se num clima familiar de paz, alegria e respeito.

4. Finda a carta de Tiago, passaremos a trechos da carta aos Hebreus. Ele nos recorda que a salvação de Deus passa por esse processo de ‘abaixamento’ à condição humana e consequentemente sofrimento para nos elevar consigo à condição de filhos de Deus. É um pouco disso que está por trás do nosso texto.

5. No caminho que faz com seus discípulos, eis que surgem os fariseus querendo um posicionamento de Jesus com relação a lei do divórcio vigente naquele tempo e cheia de interpretações diferentes. Para Jesus, a única saída possível é retornar às origens, e como crianças, acolher tal união como um dom de Deus.

6. Encerrado num horizonte puramente humano, o matrimônio está fadado a morrer, mas se ele estiver aberto a essa dinâmica de complementariedade e abertura ao outro poderá realizar sua vocação primeira. Como qualquer outra opção definitiva na vida, ele exige fidelidade das partes. 

7. “O Matrimônio do crente não exclui, portanto, a priori, incompatibilidade de caráter, erros de escolha do cônjuge, dificuldades com os filhos, nervosismo, doenças, aborrecimentos... mas experimenta em tudo isso a presença e ajuda de Cristo. Ele dá força, conforto e esperança. Quem se reveste deste espírito nos dias felizes, poderá continuar a viver desta mesma esperança nas horas difíceis da prova. E isto como a ‘criança’ que nos braços da mãe se sente segura, porque sabe acolher na transparência e na proximidade tudo o que lhe reserva a vida, certa do amor materno que a envolve” (Giuseppe Casarim – Lecionário Comentado – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite