Sexta, 01 de Setembro de 2017

(1Ts 4,1-8; Sl 96[97]; Mt 25,1-13) 
21ª Semana do Tempo Comum.

Os salmos de lamentação tanto coletivos como individuais estão relacionados com o culto no santuário. A significação da lamentação no contexto do culto da comunidade é esclarecida pela sua relação com a ação de graças, com a qual está intimamente aparentada, não só quanto a situação e ao conteúdo, mas também quanto à forma. Pois em lugar da descrição da aflição, usual na ação de graças, da qual o orante foi libertado, aparece frequentemente a lamentação que proferiu outrora na tribulação, para assim destacar a grandeza da ação salvífica divina, que se manofesta no atendimento de sua súplica (por exemplo Sl 6; 13; 24; 28; 30; 31, 41; etc.).

A santidade de Deus nos impulsiona a agir da forma mais correta possível e contar com seu apoio e proteção. Dentro dessa dinâmica o salmo 97  (vv. 1-2.5-6.10-12) se soma à exortação de Paulo. Desconhecemos a autoria. Fazia parte do ritual de renovação anual de lealdade ao Senhor como Rei, celebrada em Jerusalém. Ele celebra o poder e a justiça de Deus. “O ser de Deus não se pode retratar em forma e figuras estáticas como algo de objetivo a ser visto de maneira plástica, mas deve ser vivenciado no encontro pessoal como poder dinâmico e operante. Por isso a narrativa da teofania passa logo da esfera da natureza (cf. Sl 50) para a esfera da história: a aniquilação de todos os inimigos é a prova do poder do Deus que faz história. [...] O deus que apareceu é a um só tempo o Deus que virá, razão pela qual a comunidade no meio do júbilo do advento é também a comunidade que ainda espera, que na escuridão deseja a luz, que o salmo, com figura de linguagem bela e profunda que abarca o passado e o futuro, diz que ‘é semeada’ para o justo, de forma que os puros de coração podem esperar nova colheita de alegrias. Não podemos ler essa promessa do advento de Deus sem recordar as ressonâncias e figuras semelhantes com que o evangelho do Natal, tanto na versão de Lucas como na de João, fala do cumprimento dessa promessa” (Arthur Weiser – Os Salmos – Paulus)

Pe. João Bosco Vieira Leite