(1Rs
19,16b.19-21; Sl 15[16]; Gl 5,1.13-18; Lc 9,51-62)
1. No coração da nossa liturgia da Palavra está a
temática do chamado e para compor essa reflexão temos esse relato da vocação de
Eliseu, chamado para substituir Elias.
* A narrativa é carregada de simbolismo. Ao jogar
seu manto sobre Eliseu, se transmitia a este a força e os poderes
extraordinários que Deus lhe concedera.
2. Antes de partir Eliseu executa um rito de
separação da sua vida anterior, imolando os bois, queimando seus instrumentos
de trabalho e alimentando os seus.
* O primeiro aspecto que sobressai é o do
rompimento com o passado, aquilo que deixamos para trás para caminhar com Deus.
Tomar consciência do próprio batismo, do chamado.
* Segundo: muitos são chamados a partir das suas
próprias ocupações para colaborar com o Reino. Quem colabora na comunidade e
faz serviço voluntário não é um desocupado.
3. Chegamos ao último trecho da carta aos Gálatas,
e somos recordados dessa liberdade que o evangelho traz aos que o seguem,
libertando-se de antigas tradições.
* Mas essa liberdade não é para fazer o que ‘dá na
telha’, mas para o amor. É provável que Paulo vislumbre uma situação particular
na comunidade, onde a falta de caridade torna as relações insustentáveis.
* Talvez, para nós que hoje escutamos o apóstolo,
essa divisão entre a carne e o espírito nos lembre dessa escolha entre o
impulso natural e a inspiração divina de nosso agir.
4. Uma vez anunciado, domingo anterior, o seu fim,
Jesus empreende um caminho para Jerusalém. Nele Lucas reúne uma série de
ensinamentos que aprofunda o seguimento.
* Os discípulos de todos os tempos estão refletindo
sobre os compromissos batismais. Ser cristão de fato nunca foi tão fácil e
simples.
5. A oposição dos samaritanos serve de sinal para
lembrar-nos que nem todos fizeram a mesma opção que nós. Jesus faz ver que o
tempo do fanatismo, da agressividade ficou no passado.
* A jaculatória: “Jesus manso e humilde de coração,
fazei o nosso coração semelhante ao vosso”, diz bem desses desejos de vinganças
e intolerâncias que nos perseguem devem ser acalmados.
6. Ninguém está obrigado a aceitar o evangelho e
isso não deve impedir a nossa convivência. Na sequência da narrativa três
indivíduos querem seguir Jesus e algumas coisas se esclarecem.
* Segui-lo não é fonte de privilégio. Toda viagem
tem seus altos e baixos, e caminhar com ele não é necessariamente um turismo.
7. Segui-lo significa romper com o passado. Para
fazer pesar a escolha, Jesus relativiza um dos preceitos mais sagrados para o
judeu: sepultar seus mortos.
* O texto não pode ser tomado ao pé da letra, mas
também não se pode tirar dele o seu peso real: nada pode impedir a nossa
decisão de segui-lo, mesmo os sentimentos mais sagrados. As tensões serão
constantes, como uma escolha diária.
8. Esta imagem fica reforçada no terceiro encontro:
todas as afeições são secundárias quando se trata de responder ao chamado de
Deus.
* Em contraposição a 1ª leitura, Jesus demonstra
uma pressa na decisão, na escolha por sua pessoa. Cada instante é precioso.
* essa escolha transparece no nosso testemunho; na
palavra de fé que transmitimos ou partilhamos como parte de nosso compromisso
de caminhar n’Ele, por Ele e para Ele.
Pe. João Bosco Vieira Leite