Segunda, 06 de junho de 2016

(1Rs 17,1-6; Sl 120[121]; Mt 5,1-12) 
10ª Semana Comum.

Nas próximas semanas acompanharemos como primeira leitura o primeiro e segundo livro dos Reis, que na Bíblia hebraica formam um único livro. São livros que narram a experiência histórica da monarquia, interpretam-na com a inteligência do profeta, ou seja, perscrutando as trajetórias de morte e de vida ocultas, mais ou menos conscientemente, nas decisões de pessoas em particular. Um destaque a esse respeito é dado pela colocação das narrativas acerca dos profetas Elias e Eliseu; hoje iniciamos o ciclo de Elias que vai por duas semanas, e está no centro dos dois livros, considerados como um só (1Rs 17—2Rs13).  O profeta aparece hoje de maneira súbita, sem prévia apresentação, para anunciar a Acab, em seu reinado materialmente próspero, mas moralmente iníquo, o castigo da seca. Elias é guardado pelo Senhor e sua convivência pacífica com a natureza e animais são reflexos dos cuidados divinos por aqueles que se comprometem com Ele.

Começamos a nossa leitura de Mateus pelo chamado sermão da montanha que se estende até o capítulo 7. É o primeiro grande discurso de Jesus. Muitos comentaristas se indagaram a respeito da possibilidade de vivê-lo, mas é certo que ninguém passa por ele sem se deixar interpelar. No centro do discurso de Mateus está o Pai Nosso; para alguns é uma indicação que todas as exigências desse discurso estão agrupadas em torno dessa oração. Essa vida que Jesus propõe só pode ser fruto de uma vida de oração que tem como exercício central a busca da confiança no Pai, para que o orar e o trabalhar sejam uma coisa só. “As oito atitudes pelas quais o ser humano se revela como filho e filha de Deus e como irmão e irmã de Jesus são estas: a pobreza de espírito (uma atitude espiritual pela qual eu me desfaço de tudo para por a minha confiança em Deus), o luto (pelo qual suporto a certeza de minha própria insuficiência e a dicotomia entre o Deus misericordioso e o meu comportamento desleixado), a não-violência (pelo qual trato com brandura a mim mesmo e aos outros), a fome de justiça, a misericórdia, a pureza do coração (limpidez interna), a ação em prol da paz e a disposição de ser perseguido por causa da justiça. No fundo, trata-se de oito virtudes de que o homem necessita para levar uma vida prestável e realizada” (Anselm Grun, “Jesus mestre da salvação”).

Pe. João Bosco Vieira Leite