(1Rs 17,1-6; Sl 120[121]; Mt 5,1-12)
10ª Semana Comum.
Nas próximas semanas acompanharemos
como primeira leitura o primeiro e segundo livro dos Reis, que na Bíblia
hebraica formam um único livro. São livros que narram a experiência histórica
da monarquia, interpretam-na com a inteligência do profeta, ou seja, perscrutando
as trajetórias de morte e de vida ocultas, mais ou menos conscientemente, nas
decisões de pessoas em particular. Um destaque a esse respeito é dado pela
colocação das narrativas acerca dos profetas Elias e Eliseu; hoje iniciamos o
ciclo de Elias que vai por duas semanas, e está no centro dos dois livros,
considerados como um só (1Rs 17—2Rs13). O profeta aparece hoje de maneira
súbita, sem prévia apresentação, para anunciar a Acab, em seu reinado
materialmente próspero, mas moralmente iníquo, o castigo da seca. Elias é
guardado pelo Senhor e sua convivência pacífica com a natureza e animais são
reflexos dos cuidados divinos por aqueles que se comprometem com Ele.
Começamos a nossa leitura de Mateus
pelo chamado sermão da montanha que se estende até o capítulo 7. É o primeiro
grande discurso de Jesus. Muitos comentaristas se indagaram a respeito da
possibilidade de vivê-lo, mas é certo que ninguém passa por ele sem se deixar
interpelar. No centro do discurso de Mateus está o Pai Nosso; para alguns é uma
indicação que todas as exigências desse discurso estão agrupadas em torno dessa
oração. Essa vida que Jesus propõe só pode ser fruto de uma vida de oração que
tem como exercício central a busca da confiança no Pai, para que o orar e o
trabalhar sejam uma coisa só. “As oito atitudes pelas quais o ser humano se
revela como filho e filha de Deus e como irmão e irmã de Jesus são estas: a
pobreza de espírito (uma atitude espiritual pela qual eu me desfaço de tudo
para por a minha confiança em Deus), o luto (pelo qual suporto a certeza de
minha própria insuficiência e a dicotomia entre o Deus misericordioso e o meu
comportamento desleixado), a não-violência (pelo qual trato com brandura a mim
mesmo e aos outros), a fome de justiça, a misericórdia, a pureza do coração
(limpidez interna), a ação em prol da paz e a disposição de ser perseguido por
causa da justiça. No fundo, trata-se de oito virtudes de que o homem necessita
para levar uma vida prestável e realizada” (Anselm Grun, “Jesus mestre da
salvação”).
Pe. João Bosco Vieira Leite