(Eclo 48, 1-15; Sl 96[97]; Mt 6,7-17).
11ª Semana do Tempo Comum.
Como uma joia incrustada numa lápide, a
liturgia da palavra acrescenta esse texto de elogio a figura do profeta Elias
que fora arrebatado. Resta-nos deliciar-nos com essa composição que é uma
síntese da vida do profeta e o reconhecimento do seu ministério. Esse texto faz
parte dos elogios aos homens de bem feito pelo autor desde o capítulo 44.
Ao centro do discurso se encontra a
oração do Pai nosso, como havia comentado anteriormente. A oração no contexto
em que se encontra, quer ser um compêndio que evita o ser prolixo no diálogo
com Deus. Em sua formulação há uma invocação e sete pedidos, três em honra de
Deus e quatro a favor do homem. Pai equivale ao novo nome de Deus que implica a
consciência da filiação. Santificar não é dar, mas reconhecer. O reinado de
Deus é o exercício do seu poder; um pedido que ressoa por todo o evangelho. O
pedido do pão parece ter dois sentidos: o sustento diário da vida e também o
vislumbre da vida perdurável, o dia eterno (o pão celeste). O perdão aparece
sobre a imagem da dívida, já vislumbrado em Eclo 28,2. A provação ou tentação
fortalece a fé, o pedido não é para se ver livre delas, mas capacidade de
superá-las. O texto reforça a necessidade do perdão. Nesse ano da misericórdia
não esqueçamos do quanto de perdão precisamos pedir, mas também perdoar a nós
mesmos: “Na direção espiritual, percebo que muitas pessoas julgam, avaliam e
condenam constantemente a si próprias. Eu só conseguirei avançar no caminho que
me leva a Deus se renunciar à avaliação daquilo que está dentro de mim. O meu
interior simplesmente é como é. Só poderei muda-lo se o aceitar antes. Se o
condenar pura e simplesmente, ele se esconderá em meu inconsciente, de onde
ressurgirá justamente no momento que menos espero. Preciso parar de avaliar,
permitindo assim que as coisas que me parecem desagradáveis possam mudar. Eu as
estendo diante de Deus, e o Espírito de Deus poderá transformá-las. Cessando um
pouco de me avaliar, aprendo aos poucos a não avaliar também os outros e o seu
comportamento” (Anselm Grun, “Jesus mestre da salvação”).
Pe. João Bosco Vieira Leite