Quinta, 16 de junho de 2016

(Eclo 48, 1-15; Sl 96[97]; Mt 6,7-17). 
11ª Semana do Tempo Comum.

Como uma joia incrustada numa lápide, a liturgia da palavra acrescenta esse texto de elogio a figura do profeta Elias que fora arrebatado. Resta-nos deliciar-nos com essa composição que é uma síntese da vida do profeta e o reconhecimento do seu ministério. Esse texto faz parte dos elogios aos homens de bem feito pelo autor desde o capítulo 44.

Ao centro do discurso se encontra a oração do Pai nosso, como havia comentado anteriormente. A oração no contexto em que se encontra, quer ser um compêndio que evita o ser prolixo no diálogo com Deus. Em sua formulação há uma invocação e sete pedidos, três em honra de Deus e quatro a favor do homem. Pai equivale ao novo nome de Deus que implica a consciência da filiação. Santificar não é dar, mas reconhecer. O reinado de Deus é o exercício do seu poder; um pedido que ressoa por todo o evangelho. O pedido do pão parece ter dois sentidos: o sustento diário da vida e também o vislumbre da vida perdurável, o dia eterno (o pão celeste). O perdão aparece sobre a imagem da dívida, já vislumbrado em Eclo 28,2. A provação ou tentação fortalece a fé, o pedido não é para se ver livre delas, mas capacidade de superá-las. O texto reforça a necessidade do perdão. Nesse ano da misericórdia não esqueçamos do quanto de perdão precisamos pedir, mas também perdoar a nós mesmos: “Na direção espiritual, percebo que muitas pessoas julgam, avaliam e condenam constantemente a si próprias. Eu só conseguirei avançar no caminho que me leva a Deus se renunciar à avaliação daquilo que está dentro de mim. O meu interior simplesmente é como é. Só poderei muda-lo se o aceitar antes. Se o condenar pura e simplesmente, ele se esconderá em meu inconsciente, de onde ressurgirá justamente no momento que menos espero. Preciso parar de avaliar, permitindo assim que as coisas que me parecem desagradáveis possam mudar. Eu as estendo diante de Deus, e o Espírito de Deus poderá transformá-las. Cessando um pouco de me avaliar, aprendo aos poucos a não avaliar também os outros e o seu comportamento” (Anselm Grun, “Jesus mestre da salvação”).


Pe. João Bosco Vieira Leite