Sexta, 04 de outubro de 2024

(Jó 38,1.12-21; 40,3-5; Sl 138[139]; Lc 10,13-16) São Francisco de Assis.

“Quem vos escuta a mim escuta; e quem vos rejeita a mim despreza; mas quem me rejeita,

rejeita aquele que me enviou” Lc 10,16.

“Este gigante da santidade era fisicamente de modesta estatura, tinha barbicha rara e escura. E, no plano cultural, ainda mais modesto. Conhecia o provençal, ensinado pelo pai, por ter feito algumas leituras de romances de cavalaria. Era um hábil vendedor de tecidos, ao lado de um pai que lhe enchia a bolsa de moeda. Nas alegres noitadas com os amigos, Francisco não media despesas. Participou das lutas entre as cidades e conheceu a humilhação da derrota e de um ano de prisão em Perúgia. No regresso, fez-se armar cavaleiro pelo conde Gualtério e esteve a ponto de partir para a Apúlia, mas em Espoleto, ‘pareceu-lhe ver’, conta são Boaventura na célebre biografia, ‘um palácio magnífico e belo, e dentro dele muitíssimas armas marcadas com a cruz, e uma voz que vinha do céu: São tuas e dos teus cavaleiros’. A interpretação do sonho veio-lhe no dia seguinte: ‘Francisco, quem te pode fazer mais bem, o senhor ou servo?’ Francisco compreendeu, voltou sobre os seus passos, abandonou definitivamente a alegre companhia e enquanto estava absorto em oração, na Igreja de São Damião, ouviu claramente o apelo: ‘Francisco, vai e repara a minha Igreja que, como vês, está toda em ruínas’. O jovem não fez delongas, e diante do bispo Guido – a cuja presença o pai o conduzira à força para fazê-lo desistir –, despejou-se de todas as roupas e as restituiu ao pai. Improvisou-se em pedreiro e restaurou do melhor modo possível três igrejinhas rurais, entre as quais Santa Maria dos Anjos, dita Porciúncula. Uma frase iluminante do Evangelho indicou-lhes o caminho a seguir: ‘Ide e pregai... Curai os enfermos... Não leveis alforje, nem duas túnicas, nem sapatos, nem bastão’. Na primavera de 1208, 11 jovens tinham-se unido a ele. Escreveu a primeira regra de ordem dos frades menores, aprovada oralmente pelo papa Inocêncio III, depois que os 12 foram recebidos em audiência, em meio ao estupor e à indignação da cúria pontifícia diante daqueles jovens descalços e malvestidos. Mas aquele pacífico contestador teve a solene aprovação do sucessor Honório III, com a bula ‘Solet annuare’, de 29 de novembro de 1223. Um ano depois, na solidão do monte Alverne, Francisco recebeu o selo da Paixão de Cristo, com os estigmas impressos em seus membros. Depois, ao aproximar-se da ‘irmã Morte’, improvisou seu ‘Cântico ao irmão Sol’, como hino conclusivo da pregação de seus frades. Por fim, pediu para ser levado à Porciúncula e deposto sobre a terra nua, onde se extinguiu cantando o salmo ‘Voce mea’, nas vésperas de 3 de outubro” (Mario Sgarbosa – Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente – Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite