(Jó 38,1.12-21; 40,3-5; Sl 138[139]; Lc 10,13-16) São Francisco de Assis.
“Quem vos escuta a mim escuta; e quem
vos rejeita a mim despreza; mas quem me rejeita,
rejeita aquele que me enviou” Lc 10,16.
“Este
gigante da santidade era fisicamente de modesta estatura, tinha barbicha rara e
escura. E, no plano cultural, ainda mais modesto. Conhecia o provençal,
ensinado pelo pai, por ter feito algumas leituras de romances de cavalaria. Era
um hábil vendedor de tecidos, ao lado de um pai que lhe enchia a bolsa de
moeda. Nas alegres noitadas com os amigos, Francisco não media despesas.
Participou das lutas entre as cidades e conheceu a humilhação da derrota e de
um ano de prisão em Perúgia. No regresso, fez-se armar cavaleiro pelo conde
Gualtério e esteve a ponto de partir para a Apúlia, mas em Espoleto,
‘pareceu-lhe ver’, conta são Boaventura na célebre biografia, ‘um palácio
magnífico e belo, e dentro dele muitíssimas armas marcadas com a cruz, e uma
voz que vinha do céu: São tuas e dos teus cavaleiros’. A interpretação do sonho
veio-lhe no dia seguinte: ‘Francisco, quem te pode fazer mais bem, o senhor ou
servo?’ Francisco compreendeu, voltou sobre os seus passos, abandonou
definitivamente a alegre companhia e enquanto estava absorto em oração, na
Igreja de São Damião, ouviu claramente o apelo: ‘Francisco, vai e repara a
minha Igreja que, como vês, está toda em ruínas’. O jovem não fez delongas, e
diante do bispo Guido – a cuja presença o pai o conduzira à força para fazê-lo
desistir –, despejou-se de todas as roupas e as restituiu ao pai. Improvisou-se
em pedreiro e restaurou do melhor modo possível três igrejinhas rurais, entre
as quais Santa Maria dos Anjos, dita Porciúncula. Uma frase iluminante do
Evangelho indicou-lhes o caminho a seguir: ‘Ide e pregai... Curai os
enfermos... Não leveis alforje, nem duas túnicas, nem sapatos, nem bastão’. Na
primavera de 1208, 11 jovens tinham-se unido a ele. Escreveu a primeira regra
de ordem dos frades menores, aprovada oralmente pelo papa Inocêncio III, depois
que os 12 foram recebidos em audiência, em meio ao estupor e à indignação da
cúria pontifícia diante daqueles jovens descalços e malvestidos. Mas aquele
pacífico contestador teve a solene aprovação do sucessor Honório III, com a
bula ‘Solet annuare’, de 29 de novembro de 1223. Um ano depois, na solidão do
monte Alverne, Francisco recebeu o selo da Paixão de Cristo, com os estigmas
impressos em seus membros. Depois, ao aproximar-se da ‘irmã Morte’, improvisou
seu ‘Cântico ao irmão Sol’, como hino conclusivo da pregação de seus frades.
Por fim, pediu para ser levado à Porciúncula e deposto sobre a terra nua, onde
se extinguiu cantando o salmo ‘Voce mea’, nas vésperas de 3 de outubro” (Mario Sgarbosa – Os
santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente – Paulinas).
Pe.
João Bosco Vieira Leite