(1Cor 15,1-8; Sl 18[19]; Jo 14,6-14) Santos Filipe e Tiago, apóstolos e mártires.
“Disse
Filipe: ‘Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!’” Jo 14,8.
“A
comemoração conjunta dos dois apóstolos tem origem numa tradição: as relíquias
dos dois mártires teriam sido levadas de Hierápolis e de Jerusalém a Roma, para
repousar na igreja dos Santos Apóstolos. Filipe, nascido em Betsaida, aparece
sempre em quinto lugar no elenco dos apóstolos. O evangelho de João, no qual é
citado três vezes, oferece-nos um interessante perfil desse apóstolo, deduzido
de duas respostas que ele dá a uma pergunta formulada por Jesus. Primeiramente,
quando da miraculosa multiplicação dos pães, em face da bem conhecida pergunta:
‘Onde compraremos pão?...’. Após ter passado os olhos pela multidão, Filipe
refletiu de modo prático: ‘nem duzentas moedas seriam suficientes...’. Durante
a última ceia, quando Jesus menciona o mistério da Santíssima Trindade, Filipe
intervém bruscamente: ‘Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta!...’. Diante
do mistério, ele – como Tomé – deseja tocar com a mão ou, melhor dizendo, ver
com os próprios olhos, ‘aquilo que o olho humano não é capaz de ver’ sem o
‘lumen gloriae’, de que nos falam os teólogos. Foi quando, pela última vez, o
apóstolo se fez presente. Segundo a tradição – que, em traços sumários, relata
seu perfil –, depois de Pentecostes, Filipe se consagrara a pregar o Evangelho
na Ásia Menor até que, chegando aos 87 anos (época do Imperador Domiciano), foi
crucificado como Cristo. São Tiago – denominado ‘Menor’, para distingui-lo do
homônimo, irmão de João – é primo de Jesus e autor de uma epístola dirigida a
todas as comunidades cristãs. Emerge daí a figura de um homem austero e de
poucas palavras. Com efeito, é ele quem nos admoesta sobre o comedimento no
falar, pois devemos dar contas a Deus de cada palavra supérflua! Com o recuo
dos séculos, suas palavras constituem um sinal: ‘... Ó ricos, clamam contra vós
os bens de que privastes os trabalhadores...’. Sobre o martírio desse apóstolo,
que foi bispo de Jerusalém (após o martírio do outro Tiago), temos notícias de
primeira mão transmitidas pelo historiador Flávio Josefo. Segundo este, Tiago
Menor foi apedrejado em 62, após uma tentativa de precipitá-lo do pináculo do
Templo. A condenação foi decretada pelo sumo sacerdote Ananias II, que se
aproveitou do vácuo do poder que se seguiu à morte do procurador romano Festo” (Mario Sgarbosa – Os santos e os
beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente – Paulinas).
Pe. João
Bosco Vieira Leite