Sexta, 03 de maio de 2024

(1Cor 15,1-8; Sl 18[19]; Jo 14,6-14) Santos Filipe e Tiago, apóstolos e mártires.

“Disse Filipe: ‘Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!’” Jo 14,8.

“A comemoração conjunta dos dois apóstolos tem origem numa tradição: as relíquias dos dois mártires teriam sido levadas de Hierápolis e de Jerusalém a Roma, para repousar na igreja dos Santos Apóstolos. Filipe, nascido em Betsaida, aparece sempre em quinto lugar no elenco dos apóstolos. O evangelho de João, no qual é citado três vezes, oferece-nos um interessante perfil desse apóstolo, deduzido de duas respostas que ele dá a uma pergunta formulada por Jesus. Primeiramente, quando da miraculosa multiplicação dos pães, em face da bem conhecida pergunta: ‘Onde compraremos pão?...’. Após ter passado os olhos pela multidão, Filipe refletiu de modo prático: ‘nem duzentas moedas seriam suficientes...’. Durante a última ceia, quando Jesus menciona o mistério da Santíssima Trindade, Filipe intervém bruscamente: ‘Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta!...’. Diante do mistério, ele – como Tomé – deseja tocar com a mão ou, melhor dizendo, ver com os próprios olhos, ‘aquilo que o olho humano não é capaz de ver’ sem o ‘lumen gloriae’, de que nos falam os teólogos. Foi quando, pela última vez, o apóstolo se fez presente. Segundo a tradição – que, em traços sumários, relata seu perfil –, depois de Pentecostes, Filipe se consagrara a pregar o Evangelho na Ásia Menor até que, chegando aos 87 anos (época do Imperador Domiciano), foi crucificado como Cristo. São Tiago – denominado ‘Menor’, para distingui-lo do homônimo, irmão de João – é primo de Jesus e autor de uma epístola dirigida a todas as comunidades cristãs. Emerge daí a figura de um homem austero e de poucas palavras. Com efeito, é ele quem nos admoesta sobre o comedimento no falar, pois devemos dar contas a Deus de cada palavra supérflua! Com o recuo dos séculos, suas palavras constituem um sinal: ‘... Ó ricos, clamam contra vós os bens de que privastes os trabalhadores...’. Sobre o martírio desse apóstolo, que foi bispo de Jerusalém (após o martírio do outro Tiago), temos notícias de primeira mão transmitidas pelo historiador Flávio Josefo. Segundo este, Tiago Menor foi apedrejado em 62, após uma tentativa de precipitá-lo do pináculo do Templo. A condenação foi decretada pelo sumo sacerdote Ananias II, que se aproveitou do vácuo do poder que se seguiu à morte do procurador romano Festo” (Mario Sgarbosa – Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente – Paulinas).

Pe. João Bosco Vieira Leite