(Tg 5,13-20; Sl 140[141]; Mc 10,13-16) 7ª Semana do Tempo Comum.
“Em verdade vos digo, quem
não receber o Reino de Deus como uma criança não entrará nele” Mc 10,15.
“O Senhor Jesus aproveita
todas as oportunidades para insistir conosco que evitássemos a soberba dos
fariseus, o aparato de sua vida, de sua autonomia vaidosa. Várias vezes emprega
a imagem das crianças para contrapô-la à dos fariseus. As pessoas devem tornar-se
semelhantes às crianças, para poderem entrar no Reino dos céus. Semelhantes,
mas em quê? Para nós, a imagem da criança é a imagem da inocência, da
singeleza. Não é essa precisamente imagem que o Senhor nos propõe. Para
os rabinos, a criança era a imagem de algo sem importância, à qual não se havia
de prestar atenção alguma. Daí que o ‘tornar-se como crianças’, na boca de
Jesus, é tornar-se pequeno, insignificante e admitir de boa vontade, algo assim
como se fosse o mais natural, o que propriamente corresponde a ser tomado como
não valendo nada: sem autoridade, sem direito, sem voz. Como é difícil para
nosso orgulho tornar-nos verdadeiramente como crianças, no sentido evangélico!
E no entanto, diz o Senhor, que desses, dos que não são como nós, é o Reino dos
céus. E afirma que se nós quisermos entrar no Reino dos céus, teremos de ser
completamente o contrário do que somos. Se o Reino dos céus é das crianças, não
é porque elas sejam pessoas maiores, que mereçam o Reino por suas qualidades,
seu talento, sua virtude, seu esforço; mas sim porque Deus se compraz nos
humildes, nos que não são tomados em consideração pelos outros, nos
marginalizados, nos desprezados, nos pobres, que não têm meios para
defender-se” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do
ano – Ave-Maria).
Pe. João Bosco Vieira Leite