(At 15,17-21; Sl 95[96]; Jo 15,9-11) 5ª Semana da Páscoa.
“Como meu
Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor” Jo 15,9.
“Para muita
gente essa conversa com respeito ao amor não passa de papo. Afinal, se Deus nos
ama tanto, porque tanto sofrimento, fome, guerra, doença, morte? É a pergunta
que também fazemos: Cadê o propalado amor? O amor de Deus não é imediato. Ele
não nos socorre feito uma babá à espera da aprovação e do emprego de sua
patroa. Ele, às vezes, deixa a criança cair, se machucar. Isso também faz parte
da educação dela. O amor de Deus também não é superficial. Ele não nos atende à
menor necessidade feito uma mãe que se apavora quando seu filhinho sofre um
arranhãozinho. O amor de Deus é profundo. E tudo o que é profundo pode ser
demorado, pode ser levado às últimas consequências como quando Davi confessou
no Sl 23: ‘Ainda que eu ande por um vale tenebroso [...]’. O amor de Deus não
nos coloca num trenzinho de segurança absoluta no qual possamos nos deliciar
com os mais finos banquetes. Ele nos coloca sob a sombra tenebrosa da morte,
seja de nossos pais, seja de nossos filhos, seja de outras pessoas queridas. É,
talvez, nos momentos mais sombrios de nossa vida que Deus vem até nós e nos
consola com o seu amor – com o amor com o qual amou o seu filho Jesus, na cruz.
Sim, o amor de Deus desce até a cruz, pois é crucificado que nós podemos
encontrar a Deus, pois ali que Ele marca seu encontro conosco. Só na cruz vamos
entender por que e como Jesus nos ama, porque, apesar de pensarmos sempre na
glória futura, o céu só é daquele que primeiro passou pela cruz. Por isso, permanecer
no amor de Cristo é saber valorizar as marcas da cruz. – Senhor,
carregamos a nossa cruz. Muitas e muitas vezes ela nos parece pesada, mas o
peso da cruz é o peso do teu amor. Faze-me ver que essa cruz nossa é muito mais
leve que a tua e Tu ainda ajudas a carregar a minha. Amém” (Martinho Lutero Hoffmann –
Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).
Pe. João
Bosco Vieira Leite