Sexta, 24 de maio de 2024

(Tg 5,9-12;Sl 102[103]; Mc 10,1-12) 7ª Semana do Tempo Comum.

“Alguns fariseus se aproximaram de Jesus. Para pô-lo à prova, perguntaram se era permitido ao homem divorciar-se de sua mulher” Mc 10,2.

“No capítulo 10, Jesus transmite aos discípulos uma série de ensinamentos fundamentais. Um dos temas abrange o casamento, o divórcio e os filhos (10,2-16), e o outro tema se refere à riqueza, ao dominar e servir. A questão em todos esses assuntos é uma coisa só: sendo cristãos, como e com que atitude interior devemos seguir Jesus? A perícope do divórcio amedronta muitos casais, sobretudo no meio católico. Os divorciados e recasados sofrem com esse texto. A Igreja católica muitas vezes o interpretou de uma maneira que faz essas pessoas se sentirem excluídas por Deus. Para elas ressoa nas palavras de Jesus a severidade de certos representantes da Igreja. Mas qual é o verdadeiro sentido dessas palavras de Jesus? Os fariseus querem armar uma cilada contra Jesus. Por isso sua pergunta é apenas um pretexto para pô-lo à prova. Em Israel era considerado líquido e certo que um homem pode repudiar sua mulher. Discutia-se apenas a questão do motivo justo: se era preciso tratar-se de um caso de infidelidade ou se já bastava uma refeição mal preparada. Em Mateus, os fariseus perguntaram se era ‘permitido repudiar sua mulher por qualquer motivo” (Mt 19,3). Agora, em Marcos é questionada a própria possibilidade do divórcio. Jesus não responde à pergunta de seus adversários. Como ele não aceita esse nível de questionamento, prefere responder com outra pergunta: ‘Que prescreveu Moisés?’ (10,3). Assim ele remete à Sagrada Escritura e seus mandamentos. Os fariseus mencionam duas vezes a permissão. Esperam tirar o maior proveito possível para si mesmos. Eles não encaram a situação do casamento, querem apenas justificar seu comportamento. Em vez de questionar-se, procuram um motivo de autojustificação. Jesus não fala em permissão, fala em mandamento. Trata-se da vontade de Deus. E essa chega a um nível mais profundo que o mandamento” (Anselm Grüm – Jesus, Caminho para a liberdade – Loyola).


Pe. João Bosco Vieira Leite