(Tg 5,9-12;Sl 102[103]; Mc 10,1-12) 7ª Semana do Tempo Comum.
“Alguns fariseus se
aproximaram de Jesus. Para pô-lo à prova, perguntaram se era permitido ao homem
divorciar-se de sua mulher” Mc 10,2.
“No capítulo 10, Jesus
transmite aos discípulos uma série de ensinamentos fundamentais. Um dos temas
abrange o casamento, o divórcio e os filhos (10,2-16), e o outro tema se refere
à riqueza, ao dominar e servir. A questão em todos esses assuntos é uma coisa
só: sendo cristãos, como e com que atitude interior devemos seguir Jesus? A
perícope do divórcio amedronta muitos casais, sobretudo no meio católico. Os
divorciados e recasados sofrem com esse texto. A Igreja católica muitas vezes o
interpretou de uma maneira que faz essas pessoas se sentirem excluídas por
Deus. Para elas ressoa nas palavras de Jesus a severidade de certos
representantes da Igreja. Mas qual é o verdadeiro sentido dessas palavras de
Jesus? Os fariseus querem armar uma cilada contra Jesus. Por isso sua pergunta
é apenas um pretexto para pô-lo à prova. Em Israel era considerado líquido e
certo que um homem pode repudiar sua mulher. Discutia-se apenas a questão do
motivo justo: se era preciso tratar-se de um caso de infidelidade ou se já
bastava uma refeição mal preparada. Em Mateus, os fariseus perguntaram se era
‘permitido repudiar sua mulher por qualquer motivo” (Mt 19,3). Agora, em Marcos
é questionada a própria possibilidade do divórcio. Jesus não responde à
pergunta de seus adversários. Como ele não aceita esse nível de questionamento,
prefere responder com outra pergunta: ‘Que prescreveu Moisés?’ (10,3). Assim
ele remete à Sagrada Escritura e seus mandamentos. Os fariseus mencionam duas
vezes a permissão. Esperam tirar o maior proveito possível para si mesmos. Eles
não encaram a situação do casamento, querem apenas justificar seu
comportamento. Em vez de questionar-se, procuram um motivo de autojustificação.
Jesus não fala em permissão, fala em mandamento. Trata-se da vontade de Deus. E
essa chega a um nível mais profundo que o mandamento” (Anselm Grüm – Jesus,
Caminho para a liberdade – Loyola).
Pe. João Bosco Vieira Leite