Sexta, 31 de maio de 2024

(Sf 3,14-18; Sl Is 12; Lc 1,39-56) Visitação da Bem-Aventurada Virgem Maria.

“Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente,

a uma cidade da Judeia” Lc 1,39.

“Entre os eventos principais da vida da Virgem, comemorados com uma festa, encontra-se a visita que Maria fez a sua prima Isabel, mãe ‘à espera’ de João Batista. Parece que a origem dessa festividade deva ser atribuída aos frades menores franciscanos e a seu grande santo, Boaventura de Bagnoregio. Também a ele cabe o mérito de haver dado origem ao belo costume de dirigir uma saudação à Virgem com a repetição em série da ave-maria – devota homenagem que inspirou a Carducci o terno canto: ‘Ave-maria! Quando pelas auras corre / a humilde saudação, os reles mortais / descobrem a cabeça...’ A festa litúrgica foi estendida a toda a Igreja pelo papa Urbano VI para impetrar da Virgem a unidade dos cristãos, novamente divididos por causa da contestada eleição do pontífice. Era o ano de 1389. Cinquenta e dois anos mais tarde, o Sínodo de Basileia, na sessão de 1º de julho, confirmaria a festividade da Visitação, fixando-a no dia 2 de julho. O novo calendário litúrgico não leva em conta a sequência cronológica sugerida pelo episódio evangélico e estabelece a festividade no dia 31 de maio, no encerramento do mês mariano. A visitação é proposta a nossa meditação no segundo mistério gozoso do Rosário. É o mistério da caridade efetiva: Maria se põe a caminho ‘apressadamente’, como especifica são Lucas, para prestar ajuda nos assuntos domésticos da prima distante. Uma viagem fatigante, ‘pelas montanhas’, que Maria realizou juntando-se provavelmente a uma caravana de peregrinos que iam direto para Jerusalém. Da Galileia atravessou a Samaria e alcançou Ain-Karim, na Judeia. Um encontro sem aviso prévio, inesperado, mas exultante, fixado na história da devoção mariana pela insólita saudação que Isabel dirigiu à ‘Mãe de seu Senhor’, a qual se repete ao longo dos séculos na recitação da ave-maria como um eco amoroso multiplicado ao infinito. A humildade de Maria não a impediu de reconhecer as ‘grandes coisas’ que Deus nela operara; com o Magnificat, manifesta seu canto de gratidão ao Altíssimo que trazia em seu seio. Maria sabe – diz são Francisco de Sales, que dedicou à Visitação a congregação feminina por ele fundada – que ‘caridade e humildade não são perfeitas caso não passem por meio de Deus ao próximo’” (Mario Sgarbosa – Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente – Paulinas). 

Pe. João Bosco Vieira Leite