(At 2,1-11; Sl 103[104]; 1Cor 12,3-7.12-13; Jo 20,19-23).
1. Pentecostes era uma festa
agrícola, a oferta dos primeiros feixes de uma nova colheita. Celebrada sete
semanas depois da Páscoa, era chamada festa das Semanas. Para os cristãos,
nessa data se dá a manifestação do Espírito Santo prometido por Jesus.
2. Para ‘iluminar’ nossa
compressão desse evento temos a narrativa da 1ª leitura. Num primeiro momento
temos os sinais externos, perceptíveis: um barulho como de uma forte ventania e
depois veem como labaredas de fogo de que se repartem e pousam sobre eles.
3. E todos ficaram cheios do
Espírito Santo. Com entender essa afirmação? Raniero Cantalamessa diz que eles
fizeram a experiência arrebatadora do amor de Deus, se sentiram inundados desse
amor, como um oceano. Ele se baseia na afirmação de Paulo que afirma que o amor
de Deus foi derramado em nosso coração pelo Espírito que nos foi dado’ (Rm
5,5). Também na experiência partilhada por aqueles que se sentiram amados por Deus de
maneira terna e infinita.
4. Mas o fato mais popular e
externo dessa novidade é esse falar em línguas. Esse fato já havia sido
profetizado por Joel 3, esse milagre é interpretado como acontecimento
escatológico: o tempo final chegou. Há quem interprete essa compreensão comum
como manifestação da caridade, do amor, que une todas as línguas.
5. Para os fiéis de Cristo,
significa o cumprimento da sua Palavra, a manifestação do Espírito. Espírito
significa sopro, o sopro vivificante de Deus, do qual dispõe também o Cristo
Ressuscitado.
6. O Espírito de Cristo
passa como um vendaval ao ouvido, como fogo aos olhos, e permanece na
transformação do ‘pequeno rebanho’ em Igreja missionária – também hoje. A
Igreja de Cristo se reconhece pelo espaço que ela dá ao Espírito, que a
‘empodera’ para a proclamação da mensagem.
7. A 2ª leitura fala da
percepção do Apóstolo sobre a diversidade de dons e carismas que enriquece a
comunidade cristã, fruto desse mesmo Espírito que clama pela consciência da
unidade: um só corpo, um só batismo, uma só fé. Pois único é o Espírito.
8. Depois de cantarmos na
sequência a ação renovadora do Espírito, temos no Evangelho a realização da
promessa de Jesus que sopra sobre seus apóstolos o Espírito Santo. E esse dom
do Espírito, segundo o relato de João, serve, antes de mais nada, para perdoar
e, assim, tirar o pecado mundo. Uma continuação da obra salvadora de Jesus.
9. O mundo é renovado
conforme a obra de Cristo, que nós levamos adiante impulsionados por seu
Espírito. Nesse sentido, celebramos hoje a Igreja que nasceu do lado aberto do
Salvador e manifestou sua missão no dia de Pentecostes. Mais do que uma
organização, ela nasce do carisma que Deus infunde no coração e nos lábios.
10. Renovação Carismática
não significa uma avalanche de fenômenos chamativos, mas o Espírito do perdão e
da unidade, que ganha força decisiva na Igreja para renovar o mundo, suscitando
a criatividade dos fiéis para dar conta dessa missão.
11. Por duas vezes o Senhor
lhes deseja a paz. Trata-se daquela paz que só Jesus pode dar e o perdão serve
para estabelecer essa paz, à qual o mundo muitas vezes resiste. O mundo precisa
de conversão e, por isso, de conscientização de seu pecado, da sua injustiça,
de sua violência.
12. Não é uma paz
‘pacífica’, mas o resultado da conversão pessoal e social, consumada pelo
perdão. Tomemos consciência dessa imensa riqueza do Pentecostes, que é a nossa
missão no mundo, animada pelo Espírito Santo, o ‘sopro de Deus’.
Pe. João Bosco Vieira Leite