(Tt 2,1-8.11-14; Sl 36[37]; Lc 17,7-10)
32ª Semana do Tempo Comum.
“Assim também vós,
quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei:
‘Somos servos
inúteis; fizemos o que devíamos fazer’” Lc 17,10.
“Depois de alertar
aos discípulos sobre os escândalos, sobre o perdão aos irmãos, e sobre a
maneira de viver a fé, a ponto de arrancar árvores e transplantar montanhas, Lucas
coloca diante dos ouvintes e leitores a máxima do dever, da obrigação e também
do serviço desrespeitoso e desinteressado em favor do Reino. Para Jesus, os
apóstolos são chamados a ser simples serventes, servidores do Reino! A proposta
é considerar e avaliar não a atitude do Senhor, mas do servo que cumpre seu
dever sem esperar recompensa, esperando elogios pela obrigação realizada ou
alguma promoção por ter atuado bem. Jesus conhecia bem qual era a condição do
servo ou escravo, e por isso sua orientação visa, de certo modo, chegar aos
fariseus que tinham na observância da lei a certeza de que, por seus méritos,
seriam salvos. Com a alegria de quem foi chamado a viver e transmitir o
Evangelho, devemos amadurecer em nossa fé para que possamos dizer: ‘somos
servos inúteis!’. Não da inutilidade como vê o mundo de hoje, que não produz,
não consome, não conta para nada, mas da inutilidade de quem se crê pequeno,
pobre, necessitado, aberto a fazer a vontade de Deus, como Jesus a acolheu e
realizou, entregando toda a sua vida ao desejo do Pai. A grandeza do servo,
portador de uma fé autêntica, está na humildade com que serve indistintamente
aos irmãos, mesmo sabendo que nunca faremos o suficiente para Deus, que tem
sido sempre bom e misericordioso para conosco. Esta atitude de humildade e
reconhecimento do senhorio de Deus em nossas vidas nos coloca em nosso lugar de
criaturas amadas, às quais, um dia, o Senhor se cingirá e nos servirá, como a
verdadeiros amigos e amigas (cf. Lc 12,37). – Dá-nos, Senhor, suficientemente
humildade para servir-te na alegria sabendo que nada somos, senão servidores
inúteis do teu Reino de amor, justiça e paz” (Magda Brasileiro –
Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite