(Ez 47,1-2.8-9.12; Sl 45[46]; Jo 2,13-22)
Dedicação da Basílica do Latrão.
“Os judeus disseram:
‘Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário,
e tu o levantarás em
três dias?’ Mas Jesus estava falando do templo do seu corpo” Jo 2,20-21.
“A Igreja ‘mãe de
todas as igrejas da Urbe e do Orbe’ surge nas encostas do Célio, o monte dos
luzeiros – uma das sete colinas sobre as quais ocorreram fatos decisivos para a
civilização romana. Daí partiram as antigas estradas do Lácio e as vias consulares,
como a Regina viarum, a via Ápia. Sobre essa colina tinham-se estabelecidos
as ilustres famílias dos Valérios, dos Vetílios e dos Lateranos, posto que o
Palatino era reservado à família imperial. Contudo, também as egregiae
domum Lateranum foram confiscadas por Nero, quando Pláucio Laterano foi
acusado de haver participado da conjura de Pisão. Com Septímio Severo, no fim
do século II, parte dos Lateranos voltou aos antigos proprietários e parte
continuou com o imperador. É esta parte que Constantino doou ao bispo de Roma
para construir precisamente a primeira basílica cristã, fundada pelo papa
Melcíades (311-314), ao lado do palácio que até então fora residência imperial.
Pouco restou em pé da antiga basílica constantina: o batistério e os muros
perimetrais da basílica, cuja consagração é celebrada solenemente a cada ano. É
de fato a primeira esplendida domus Dei, embora houvesse
anteriormente outros lugares públicos nos quais os cristãos se reuniam para
celebrar a eucaristia. Existe um testemunho singular a tal propósito, no início
do século III, quando Alexandre Severo foi chamado em causa e deu razão a uma
comunidade cristã em um processo contra um hospedeiro que reclamava contra a
transformação de uma hospedaria em lugar de culto cristão. De qualquer forma,
tratava-se de modestos edifícios. Deve-se aos grandiosos projetos de
Constantino a construção da basílica (ou casa do rei) dedicada incialmente ao
Salvador e sucessivamente ao Batista e são João apóstolo. A antiga catedral do
papa, da qual se conserva a cátedra de mármore no claustro medieval, sofreu
várias transformações no decurso dos séculos. O pontificado que deixou maiores
obras é o de Inocêncio X (1644-1655), durante o qual Borromini renovou
completamente a nave central e laterais” (Mario Sgarbosa – Os
santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente – Paulinas).
Pe. João Bosco Vieira Leite