Quarta, 09 de novembro de 2022

(Ez 47,1-2.8-9.12; Sl 45[46]; Jo 2,13-22) 

Dedicação da Basílica do Latrão.

“Os judeus disseram: ‘Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário,

e tu o levantarás em três dias?’ Mas Jesus estava falando do templo do seu corpo” Jo 2,20-21.

“A Igreja ‘mãe de todas as igrejas da Urbe e do Orbe’ surge nas encostas do Célio, o monte dos luzeiros – uma das sete colinas sobre as quais ocorreram fatos decisivos para a civilização romana. Daí partiram as antigas estradas do Lácio e as vias consulares, como a Regina viarum, a via Ápia. Sobre essa colina tinham-se estabelecidos as ilustres famílias dos Valérios, dos Vetílios e dos Lateranos, posto que o Palatino era reservado à família imperial. Contudo, também as egregiae domum Lateranum foram confiscadas por Nero, quando Pláucio Laterano foi acusado de haver participado da conjura de Pisão. Com Septímio Severo, no fim do século II, parte dos Lateranos voltou aos antigos proprietários e parte continuou com o imperador. É esta parte que Constantino doou ao bispo de Roma para construir precisamente a primeira basílica cristã, fundada pelo papa Melcíades (311-314), ao lado do palácio que até então fora residência imperial. Pouco restou em pé da antiga basílica constantina: o batistério e os muros perimetrais da basílica, cuja consagração é celebrada solenemente a cada ano. É de fato a primeira esplendida domus Dei, embora houvesse anteriormente outros lugares públicos nos quais os cristãos se reuniam para celebrar a eucaristia. Existe um testemunho singular a tal propósito, no início do século III, quando Alexandre Severo foi chamado em causa e deu razão a uma comunidade cristã em um processo contra um hospedeiro que reclamava contra a transformação de uma hospedaria em lugar de culto cristão. De qualquer forma, tratava-se de modestos edifícios. Deve-se aos grandiosos projetos de Constantino a construção da basílica (ou casa do rei) dedicada incialmente ao Salvador e sucessivamente ao Batista e são João apóstolo. A antiga catedral do papa, da qual se conserva a cátedra de mármore no claustro medieval, sofreu várias transformações no decurso dos séculos. O pontificado que deixou maiores obras é o de Inocêncio X (1644-1655), durante o qual Borromini renovou completamente a nave central e laterais” (Mario Sgarbosa – Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente – Paulinas).

 Pe. João Bosco Vieira Leite