Quarta, 19 de outubro de 2022

(Ef 3,2-12; Sl 12; Lc 12,39-48) 

29ª Semana do Tempo Comum.

“A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!”  Lc 12,48b.

“Depois de ter falado sobre a necessidade de se estar vigilante, Pedro perguntou-lhe se se referia a eles, ao mais íntimos, ou a todos. E o Senhor voltou a insistir em que o momento em que Deus nos chamará para prestarmos contas da herança que recebemos é imprevisível: pode acontecer na ‘segunda vigília ou na terceira…’, a qualquer hora. Por outro lado, respondendo a Pedro, esclarece que o seu ensinamento se dirige a todos, e que Deus pedirá contas a cada um conforme As suas circunstâncias pessoais e as graças que recebeu. Todos temos que cumprir uma missão aqui na terra, e dela teremos que responder no fim da nossa vida. Seremos julgados conforme os frutos, abundantes ou escassos, que tenhamos produzido. O Apóstolo São Paulo recordará aos cristãos dos primeiros tempos: ‘É necessário que todos nós compareçamos diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o que é devido pelas boas ou más obras que tenha feito enquanto esteve revestido do seu corpo’ (2Cor 5,10). O Senhor termina as suas palavras com esta consideração: ‘A todo aquele a quem muito foi dado, muito mais lhe será exigido, e àquele a quem muito foi confiado, muito lhe será pedido’. Quanto nos foi confiado? Quantas graças, destinadas a outros, quis o Senhor que passassem pelas nossas mãos? Quantos dependem da minha correspondência pessoal às graças que recebo? Esta passagem do Evangelho que lemos na Missa é um forte apelo à responsabilidade, pois todos recebem muito. ‘Cada homem, cada mulher – escreve um literato - é como um soldado que Deus destaca para velar por uma parte da fortaleza do Universo. Uns estão nas muralhas e outros no interior do castelo, mas todos devem ser fiéis ao seu posto de sentinela e não abandoná-lo nunca; caso contrário, o castelo ficará exposto aos assaltos do inferno’. O homem e a mulher responsáveis não se deixam anular por um falso sentimento de incapacidade pessoal. Sabem que Deus é Deus e que eles, pelo contrário, são um monte de fraqueza; mas isso não os retrai da sua missão na terra que, com a ajuda da graça, se converte numa bênção de Deus: na fecundidade da família, que se prolonga muito além daquilo que os pais podem divisar com o seu olhar; na paternidade ou maternidade espiritual, que se cumpre de uma maneira toda particular naqueles que receberam de Deus uma chamada para uma entrega total, e que tem uma imensa transcendência para toda a Igreja e para a humanidade..., no cumprimento dos afazeres diários – para todos –, através dos quais se realiza plenamente a vocação cristã” (Francisco Fernandez-Carvajal – Falar com Deus – Vol. 5 – Quadrante)             

Pe. João Bosco Vieira Leite