(Ef 3,2-12; Sl 12; Lc 12,39-48)
29ª Semana do Tempo Comum.
“A quem muito foi
dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!” Lc 12,48b.
“Depois de ter falado
sobre a necessidade de se estar vigilante, Pedro perguntou-lhe se se referia a
eles, ao mais íntimos, ou a todos. E o Senhor voltou a insistir em que o
momento em que Deus nos chamará para prestarmos contas da herança que recebemos
é imprevisível: pode acontecer na ‘segunda vigília ou na terceira…’, a qualquer
hora. Por outro lado, respondendo a Pedro, esclarece que o seu ensinamento se
dirige a todos, e que Deus pedirá contas a cada um conforme As suas
circunstâncias pessoais e as graças que recebeu. Todos temos que cumprir uma
missão aqui na terra, e dela teremos que responder no fim da nossa vida.
Seremos julgados conforme os frutos, abundantes ou escassos, que tenhamos
produzido. O Apóstolo São Paulo recordará aos cristãos dos primeiros tempos: ‘É
necessário que todos nós compareçamos diante do tribunal de Cristo, para que
cada um receba o que é devido pelas boas ou más obras que tenha feito enquanto
esteve revestido do seu corpo’ (2Cor 5,10). O Senhor termina as suas palavras
com esta consideração: ‘A todo aquele a quem muito foi dado, muito mais lhe
será exigido, e àquele a quem muito foi confiado, muito lhe será pedido’. Quanto
nos foi confiado? Quantas graças, destinadas a outros, quis o Senhor que
passassem pelas nossas mãos? Quantos dependem da minha correspondência pessoal
às graças que recebo? Esta passagem do Evangelho que lemos na Missa é um forte
apelo à responsabilidade, pois todos recebem muito. ‘Cada homem, cada mulher –
escreve um literato - é como um soldado que Deus destaca para velar por uma
parte da fortaleza do Universo. Uns estão nas muralhas e outros no interior do
castelo, mas todos devem ser fiéis ao seu posto de sentinela e não abandoná-lo
nunca; caso contrário, o castelo ficará exposto aos assaltos do inferno’. O
homem e a mulher responsáveis não se deixam anular por um falso sentimento de
incapacidade pessoal. Sabem que Deus é Deus e que eles, pelo contrário, são um
monte de fraqueza; mas isso não os retrai da sua missão na terra que, com a
ajuda da graça, se converte numa bênção de Deus: na fecundidade da família, que
se prolonga muito além daquilo que os pais podem divisar com o seu olhar; na
paternidade ou maternidade espiritual, que se cumpre de uma maneira toda
particular naqueles que receberam de Deus uma chamada para uma entrega total, e
que tem uma imensa transcendência para toda a Igreja e para a humanidade..., no
cumprimento dos afazeres diários – para todos –, através dos quais se realiza
plenamente a vocação cristã” (Francisco Fernandez-Carvajal
– Falar com Deus – Vol. 5 –
Quadrante)
Pe. João
Bosco Vieira Leite