Segunda, 17 de outubro de 2022

(Ef 2,1-10; Sl 99[100]; Lc 12,13-21) 

29ª Semana do Tempo Comum.

“Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida.

E para quem ficará o que tu acumulaste?’ Lc 12,20.

“Aquele que acumula riquezas para si e não para Deus é um insensato. A vida não se pode assegurar por meio dos bens materiais. O homem encontra-se sempre tentado a buscar a salvação e a segurança nos bens da terra, nas riquezas, nas posses. O dinheiro garante o futuro e, consequentemente, é pouco todo empenho que se aplique para conseguir dinheiro e mais dinheiro, e nunca chega a pensar que já tem suficiente; quanto mais tem mais quer, e a sociedade de consumo e de diversão, na qual estamos submersos, leva-o pelo mesmo caminho, uma vez que o melhor e mesmo o único meio para poder conseguir muito e já possuir muito. Isso descentraliza e desloca o homem e faz com que tudo o que ele realize seja excêntrico e fora dos eixos, tudo está desorientado, pois os bens terrenos não garantem nem a própria vida, menos ainda asseguram a salvação, a vida eterna. É este precisamente o tema central da parábola: a preocupação com as riquezas é um disparate, porque a vida temporal não se baseia nelas e nem delas depende, e muitíssimo menos ainda delas depende a outra vida. Jesus propõe-nos uma parábola, na qual o interlocutor, falando consigo mesmo, dizia: ‘Tens muitos bens em depósito para muitíssimos anos’ (v. 19). Talvez se tivesse pensado nisso, não a sós consigo mesmo, mas junto com seu próximo e, sobretudo, em seu monólogo tivesse deixado Deus intervir, transformando-o em um diálogo de oração, não teria chegado àquela conclusão glutona: ‘Descansa, come, bebe, regala-te’ (v. 19). Não interessa tanto nessa parábola o egoísmo do rico, ou a sua procura de prazeres; o que mais interessa é a segurança que se promete para o futuro; seguro de si mesmo e de sua posição, planeja, para o futuro, gozo sem medida. Quando Deus interfere é para dizer-lhe: ‘Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma’ (v. 20). Não se ajusta melhor a esse homem outro apelativo que possa qualificar uma atitude como aquela: insensato, porque pensaste que teus bens iriam servir-te para acalmar tua consciência; insensato, porque tendo esses bens, pensava que já tinhas tudo quanto é necessário para seres feliz; insensato, porque olhaste ao teu derredor e não olhaste nem para cima nem para o teu interior; insensato, porque julgaste que a felicidade consistia em comer, em beber e em banquetear-se; insensato, porque essa mesma noite iriam pedir-te a alma e da lama não se cuida comendo, bebendo ou banqueteando-se. Somente aquele que acumula bens de Deus, bens que transcendem esta vida, os bens da virtude e da santidade, que não se guardam nos silos da terra, mas que se entesouram nos celeiros do céu, somente esse é verdadeiramente prudente e sensato, esse é o que entesoura não só por muitos anos, mas por toda a eternidade” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

 Pe. João Bosco Vieira Leite