(2Tm 4,10-17; Sl 144[145]; Lc 10,1-9)
São Lucas, Evangelista e Missionário.
“Só Lucas está
comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, porque me é útil para o ministério” 2Tm 4,11.
“A tradição dos
primeiros séculos vê Lucas como companheiro de Paulo nas suas viagens
missionárias. A exegese atual, porém, questiona isso, pois a teologia
representada por Paulo difere essencialmente da teologia de Lucas. Não temos
certeza definitiva a respeito da origem e dos dados pessoais de Lucas. Mas, por
causa da sua linguagem grega tão caprichada, podemos supor que ele pertencia a
uma classe social mais alta e teve uma boa formação na retórica e na filosofia
gregas. Porém, ele conheceu igualmente, e muito bem, a tradução grega da
Bíblia, a Septuaginta. Pertenceu talvez ao círculo dos ‘tementes a Deus’, que
simpatizavam com a religião judaica. Lucas pertenceu à segunda ou terceira
geração depois dos acontecimentos em torno de Jesus. A tradição opina que ele
era de Antioquia. Fraçois Bovon, o autor do mais recente comentário sobre
Lucas, pensa que ele era da Macedônia, a saber, de Filipos. Pois nos Atos dos
Apóstolos é exatamente essa cidade que ele descreve pormenorizadamente,
mostrando ter conhecimento exato sobre o lugar. A esse respeito, porém, não
existe certeza. Jerônimo diz que Lucas escreveu seu evangelho entre os anos 80
e 90. Lucas viajou muito, certamente também para Jerusalém, já que suas
descrições da situação local daquela cidade também são claras. Parece, porém,
que nunca esteve na Galileia, pois para essa região suas indicações geográficas
são inexatas. Lucas é o único evangelista que fala sobre si mesmo. No seu
prólogo, ele se apresenta como um historiador que investiga cuidadosamente as
tradições, e faz questão de dar conta de tudo, desde o começo. Seu prólogo é
parecido com o de autores helenistas. Está redigido em grego clássico. Lucas
tem a ambição de escrever um best-seller. Seu livro há de parecer no mercado
dos livros. Por isso ele dedica a uma personalidade ilustre e abastada, o
‘excelentíssimo Teófilo’. Como editor, Teófilo terá de cuidado da publicação e
da divulgação de ambos os livros. Pois, de antemão, Lucas concebeu sua obra
como composta de dois volumes: o primeiro sobre os acontecimentos em torno de
Jesus; o segundo como história da jovem Igreja. A seu livro sobre Jesus, Lucas
não dá o nome de ‘Evangelho’ e sim de ‘Narração’. Ele pretende narrar a
história, não apenas os fatos isolados, mas sempre já como história
interpretada, conforme o costume da historiografia helenista. Pois os fatos só
se tornam significativos quando alguém nos mostra seu significado. Para Lucas,
a história de Jesus significa uma história de salvação e de cura para o gênero
humano. Na história de Jesus, Deus se revela como o Deus que libera e salva. O
que lá aconteceu mudou decisivamente o nosso mundo. À medida que nos
aprofundamos na história de Jesus, ela há também de nos transformar” (Anselm Grüm
– Jesus, modelo do ser humano – Loyola).