Terça, 18 de outubro de 2022

(2Tm 4,10-17; Sl 144[145]; Lc 10,1-9) 

São Lucas, Evangelista e Missionário.   

“Só Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, porque me é útil para o ministério” 2Tm 4,11.

“A tradição dos primeiros séculos vê Lucas como companheiro de Paulo nas suas viagens missionárias. A exegese atual, porém, questiona isso, pois a teologia representada por Paulo difere essencialmente da teologia de Lucas. Não temos certeza definitiva a respeito da origem e dos dados pessoais de Lucas. Mas, por causa da sua linguagem grega tão caprichada, podemos supor que ele pertencia a uma classe social mais alta e teve uma boa formação na retórica e na filosofia gregas. Porém, ele conheceu igualmente, e muito bem, a tradução grega da Bíblia, a Septuaginta. Pertenceu talvez ao círculo dos ‘tementes a Deus’, que simpatizavam com a religião judaica. Lucas pertenceu à segunda ou terceira geração depois dos acontecimentos em torno de Jesus. A tradição opina que ele era de Antioquia. Fraçois Bovon, o autor do mais recente comentário sobre Lucas, pensa que ele era da Macedônia, a saber, de Filipos. Pois nos Atos dos Apóstolos é exatamente essa cidade que ele descreve pormenorizadamente, mostrando ter conhecimento exato sobre o lugar. A esse respeito, porém, não existe certeza. Jerônimo diz que Lucas escreveu seu evangelho entre os anos 80 e 90. Lucas viajou muito, certamente também para Jerusalém, já que suas descrições da situação local daquela cidade também são claras. Parece, porém, que nunca esteve na Galileia, pois para essa região suas indicações geográficas são inexatas. Lucas é o único evangelista que fala sobre si mesmo. No seu prólogo, ele se apresenta como um historiador que investiga cuidadosamente as tradições, e faz questão de dar conta de tudo, desde o começo. Seu prólogo é parecido com o de autores helenistas. Está redigido em grego clássico. Lucas tem a ambição de escrever um best-seller. Seu livro há de parecer no mercado dos livros. Por isso ele dedica a uma personalidade ilustre e abastada, o ‘excelentíssimo Teófilo’. Como editor, Teófilo terá de cuidado da publicação e da divulgação de ambos os livros. Pois, de antemão, Lucas concebeu sua obra como composta de dois volumes: o primeiro sobre os acontecimentos em torno de Jesus; o segundo como história da jovem Igreja. A seu livro sobre Jesus, Lucas não dá o nome de ‘Evangelho’ e sim de ‘Narração’. Ele pretende narrar a história, não apenas os fatos isolados, mas sempre já como história interpretada, conforme o costume da historiografia helenista. Pois os fatos só se tornam significativos quando alguém nos mostra seu significado. Para Lucas, a história de Jesus significa uma história de salvação e de cura para o gênero humano. Na história de Jesus, Deus se revela como o Deus que libera e salva. O que lá aconteceu mudou decisivamente o nosso mundo. À medida que nos aprofundamos na história de Jesus, ela há também de nos transformar” (Anselm Grüm – Jesus, modelo do ser humano – Loyola).  

Pe. João Bosco Vieira Leite