Terça, 11 de outubro de 2022

(Gl 5,1-6; Sl 118[119]; Lc 11,37-41) 

28ª Domingo do Tempo Comum.

“O Senhor disse ao fariseu: ‘Vós, fariseus, limpais o copo e o prato por fora,

mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades’” Lc 11,39.

“A atitude de Jesus é muito diferente da atitude dos escribas e fariseus. Estes se fixavam quase que exclusivamente no exterior, nas posições visíveis, no cumprimento minucioso de normas, regras e prescrições, preceitos e proibições no aspecto material e de uma observância meramente externa. Porém Jesus ensina a seus discípulos uma doutrina completamente oposta, que se esforça pela pureza interior, pela moldagem do coração, que coloca o essencial nas disposições do espírito. Levanta-se aqui uma série de censura para os escribas e fariseus; eles põem em evidência o fato de que nem Jesus nem seus discípulos tinham lavado as mãos, antes de sentar-se à mesa do banquete, como era costume deles; dessa crítica que lhe fazem os fariseus, o Senhor se serve para descarregar sua palavra sobre a hipocrisia de seus opositores; o uso rabínico de lavar as mãos, os pratos e até purificar os bancos, para não encontrar impureza legal alguma, não era preceito da Lei, mas procedia da tradição dos antigos rabinos. A admiração do fariseu não se exterioriza com suas palavras, que indicam mais hostilidade e prevenção e, assim, torna-se digno da repreensão do Senhor. A ideia fundamental da repreensão está na diferença entre a pureza exterior e a interior do coração; não se rejeita a prática exterior, mas afirma-se que Deus está mais no interior que no exterior e, por isso, se for preciso cuidar do exterior, maior cuidado deve-se colocar no interior. Poucas coisas são tão reprovadas por Deus como a hipocrisia ou o fingimento; parecer uma coisa e ser outra: Deus é a verdade e ama a verdade, e não aceita nem o erro nem a mentira; deve-se adorar a Deus em espírito e em verdade. ‘Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja’ (João 4,23). Seu amor ao Senhor deve ser um amor sincero e profundo, que se manifeste em múltiplas expressões externas, mas você o viverá intimamente e em profundidade; esse amor a Deus, que você possa viver em seu interior, você deve esforçar-se por descobri-lo também nos outros e em tudo quanto lhe suceda; tudo você deve viver como permitido pelo Senhor, como previsto por ele, a fim de que você eleve e dê rumo certo à sua vida” (Alfonso Milagro – O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).

Pe. João Bosco Vieira Leite