(Gl 5,1-6; Sl 118[119]; Lc 11,37-41)
28ª Domingo do Tempo Comum.
“O Senhor disse ao
fariseu: ‘Vós, fariseus, limpais o copo e o prato por fora,
mas o vosso interior
está cheio de roubos e maldades’” Lc 11,39.
“A atitude de Jesus é
muito diferente da atitude dos escribas e fariseus. Estes se fixavam quase que
exclusivamente no exterior, nas posições visíveis, no cumprimento minucioso de
normas, regras e prescrições, preceitos e proibições no aspecto material e de
uma observância meramente externa. Porém Jesus ensina a seus discípulos uma
doutrina completamente oposta, que se esforça pela pureza interior, pela
moldagem do coração, que coloca o essencial nas disposições do espírito.
Levanta-se aqui uma série de censura para os escribas e fariseus; eles põem em
evidência o fato de que nem Jesus nem seus discípulos tinham lavado as mãos,
antes de sentar-se à mesa do banquete, como era costume deles; dessa crítica
que lhe fazem os fariseus, o Senhor se serve para descarregar sua palavra sobre
a hipocrisia de seus opositores; o uso rabínico de lavar as mãos, os pratos e
até purificar os bancos, para não encontrar impureza legal alguma, não era
preceito da Lei, mas procedia da tradição dos antigos rabinos. A admiração do
fariseu não se exterioriza com suas palavras, que indicam mais hostilidade e
prevenção e, assim, torna-se digno da repreensão do Senhor. A ideia fundamental
da repreensão está na diferença entre a pureza exterior e a interior do
coração; não se rejeita a prática exterior, mas afirma-se que Deus está mais no
interior que no exterior e, por isso, se for preciso cuidar do exterior, maior
cuidado deve-se colocar no interior. Poucas coisas são tão reprovadas por Deus
como a hipocrisia ou o fingimento; parecer uma coisa e ser outra: Deus é a
verdade e ama a verdade, e não aceita nem o erro nem a mentira; deve-se adorar
a Deus em espírito e em verdade. ‘Mas vem a hora e já chegou, em que os
verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses
adoradores que o Pai deseja’ (João 4,23). Seu amor ao Senhor deve ser um amor
sincero e profundo, que se manifeste em múltiplas expressões externas, mas você
o viverá intimamente e em profundidade; esse amor a Deus, que você possa viver
em seu interior, você deve esforçar-se por descobri-lo também nos outros e em
tudo quanto lhe suceda; tudo você deve viver como permitido pelo Senhor, como
previsto por ele, a fim de que você eleve e dê rumo certo à sua vida” (Alfonso Milagro
– O Evangelho meditado para cada dia do ano – Ave-Maria).
Pe. João Bosco Vieira Leite