Quarta, 20 de janeiro de 2021

(Hb 7,1-3.15-17; Sl 109[110]; Mc 3,1-6) 

2ª Semana do Tempo Comum.

“Jesus, então, olhou ao redor cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração, e disse ao homem: ‘Estende a mão’. Ele a estendeu e mão ficou curada” Mc 3,5.

“Como os fariseus ficassem calados, Jesus olhou para cada um com ‘cólera, entristecido pelo endurecimento de seus corações’ (3,5). Cólera e tristeza perfazem uma mescla interessante de sentimento. Cólera não significa que Jesus tenha se enfurecido ou que tenha gritado com os fariseus. Cólera é a força do distanciamento. Pela cólera, Jesus cria uma distância entre si e os fariseus, e essa distância o protege deles. Sua cólera sinaliza-lhes: ‘Podem continuar sendo o que são. Eu não os repreendo. Podem até continuar com esses corações endurecidos e ressequidos. Mas é problema de vocês. Não vou muda-los. Mas eu farei o que considero correto’. Em sua cólera, Jesus se liberta do poder de seus adversários. Ele não se deixa intimidar por eles. Ele está em harmonia consigo próprio. De modo que pode agir a partir de seu centro íntimo. À cólera se associa a tristeza. A palavra grega ‘syllypoumenos’ exprime ‘compadecer-se’. Num primeiro momento, Jesus se distancia dos fariseus. Mas ele não corta os laços que o ligam a eles. Ele lhes estende a mão e se compadece deles. Ele sente tristeza por causa do endurecimento de seu coração, mas ao mesmo tempo sente como eles sentem: o que se deve passar em seu coração tão endurecido? Quanto medo deve haver nesses corações estreitos? Quando desespero e desprezo humano deve leva-los a se fecharem ao sofrimento de uma pessoa? Só posso entrar realmente em contato com um ser humano quando estou firme em minhas próprias pernas. Quem não tem limites é dominado pelos sentimentos do outro. Não é livre em seu agir. Mas Jesus é livre. Ele quer relacionar-se com os fariseus. Em sua tristeza, ele lhes estende a mão. Mas eles não aceitam a mão estendida. Em vez disso saem e resolvem mata-lo. Em meio às curas realizadas por Jesus, Marcos avisa que um destino violento aguarda Jesus. Curando os doentes, Jesus está lutando contra o poder dos demônios. Na hora da paixão, os demônios parecem a ele seu poder, mas na morte Jesus os derrota definitivamente. Os fariseus que decidem mata-lo não sabem que com isso estão definindo a derrota de todos os poderes que se opõem à vida. Porque na morte todos nós recebemos a vida que nesse episódio é concedida ao homem da mão paralisada” (Anselm Grün – Jesus, Caminho para a Liberdade – Loyola).

Pe. João Bosco Vieira Leite