(Dt 18,15-20; Sl 94[95]; 1Cor 7,32-35; Mc 1,21-28)
1. “Eis que
faço nova todas as coisas” é a expressão do Apocalipse (21,5), para
falar do agir de Deus. E é assim que Marcos nos apresenta Jesus na sinagoga de
Cafarnaum: ele ensinava e ordenava tudo de forma nova, diferente do que até então
conheciam. E não estava vinculado a qualquer grupo ou denominação existente.
2. Nenhum crédito,
nenhum currículo, nenhum diploma, O precedia. A sua autoridade começava ali, no
próprio ato de dizer ou de fazer. As pessoas estavam totalmente tomadas de
espanto, como se um mundo novo, belo e bom estivesse iniciando, e não só para
eles.
3. Aquelas pessoas já
conheciam o modo de falar dos mestres da Lei em suas repetidas, pesadas e
cansadas doutrinas que não lhes tocava o íntimo. Mas Jesus lhes traz uma
comovida emoção, uma lágrima de alegria lhes acaricia o coração. Uma palavra
única, nova, criadora.
4. Eles já tinham
assistidos muitos exorcismos, muito em voga naquele tempo, com seus longos,
estranhos, complicados ritos. Mas Jesus diz só uma palavra criadora: ‘Cala-te e
sai desse homem’, e tudo se resolve (Mc 1,25-26).
5. Abre-se um debate.
O primeiro de muitos que o Evangelho de Marcos vai iniciar: ‘O que é isso?’
perguntam as pessoas, pois nunca tinham visto tanto e tão novo e prodigioso
ensinamento. É assim que Marcos abre a jornada deste maravilhoso anunciador do
Evangelho de Deus, completamente diferente de tudo que conheciam.
6. Veremos no próximo
domingo, como se amplia o falar e o agir de Jesus, que não se restringirá
àquela cidade. É preciso anunciar o Evangelho, levar a boa nova seja a quem
for. Seja onde for. Isso significa: ensinar, libertar, acolher, curar, recriar:
é esta a toada do anúncio do Evangelho. É Deus visitando o seu povo.
7. Pertinho e cheio de
Deus, Jesus O leva a seus irmãos. É esta a Autoridade de Jesus. Ele é o profeta
como Moisés, mais do que Moisés, com a boca repleta das palavras de Deus,
conforme acompanhamos na 1ª leitura. Mas sabemos que essa Palavra nem sempre
foi bem acolhida, nos recorda a última estrofe do nosso salmo.
8. O evangelho
juntamente com a 1ª leitura, nos dão um pequeno retrato do lugar e ação dos
sacerdotes e bispos: entre Deus e o povo. Mais concretamente: pertinho de Deus,
mas de um Deus que faz carícia ao seu povo, um Deus que ama e que perdoa.
9. É por causa dessa
missão que tudo mais será relativizado, nos lembra Paulo na 2ª leitura. Não nos
é permitido adormecer ou entorpecer, de modo a ficarmos inativos, infecundos e
insensíveis.
10. O nosso salmo, recitado todas as manhãs pelos que rezam a Liturgia das Horas, é como um permanente despertador para não nos deixarmos andar ao sabor de qualquer música, mas apenas e sempre ao sabor da música de Deus. E levar também aos outros, essa graça e bondade desencadeada por Jesus em Cafarnaum.
Pe. João Bosco Vieira Leite