(Ex 23,20-23; Sl 90[91]; Mt 18,1-5.10)
Santos Anjos da Guarda.
“Vou enviar um anjo
que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho ao lugar que te preparei” Ex 23,20.
“Quase cada página da
Revelação escrita, diz são Gregório Magno, atesta a existência dos Anjos. No
Novo Testamento aparecem no evangelho da infância, na narração das tentações do
deserto e da consolação de Cristo no Getsêmani. São as testemunhas da
Ressurreição, assistem a Igreja que nasce, ajudam os apóstolos e transmitem a
vontade divina. Eles prepararão o juízo final e executarão a sentença,
separando os bons dos maus e formarão uma coroa ao Cristo triunfante. Os anjos
são mencionados mais de trezentas vezes no Antigo Testamento. Além dessas
referências bíblicas, que por si só justificam o culto especial que os cristãos
reservaram aos Anjos desde os primeiros tempos, é a natureza destes espíritos
puros que estimula nossa admiração e nossa devoção. Eles são antes de tudo os
mediadores das margens da verdade divina, iluminam o espírito com a luz
interior da palavra. E são também guardiões das almas dos homens,
sugerindo-lhes as diretivas divinas; invisíveis testemunhas dos seus
pensamentos mais escondidos e das suas ações boas ou más, claras ou ocultas,
assistem os homens para o bem e para a salvação. ‘Os anjos – dizia Bossuet –
oferecem a Deus as nossas esmolas, recolhem até nossos desejos, fazem valer
diante de Deus também nossos pensamentos... Sejamos felizes de ter amigos tão
prestativos, intercessores tão fiéis, interpretes tão caridosos’. Fundamentando
a verdade de fé sobre a própria afirmação do Redentor, a Igreja nos diz que
cada cristão, desde o momento do batismo, é confiado ao seu próprio Anjo, que
tem a incumbência de guarda-lo, guia-lo no caminho do bem, inspirando bons
sentimentos, proporcionando a livre escolha que tem como meta Deus, Supremo
Bem. A liturgia de 29 de setembro, que celebra Miguel, Gabriel e Rafael, lembra
ao mesmo tempo todos os coros angélicos: os Anjos, os Arcanjos, os Tronos, as
Dominações que adoram, as Potestades que tremem de respeito diante da Majestade
divina, os Céus, as Virtudes, os Bem-aventurados Serafins e os Querubins. Mas
desde o século XVI começou-se a celebrar uma festa distinta para os santos
Anjos da guarda, universalizada por Paulo VI, depois que em 1508 Leão X aprovou
o novo Ofício composto pelo franciscano João Colombi. Da península ibérica,
onde teve início o culto, à França e à Áustria, a festa se espalhou por todo o
mundo cristão” (Mario Sgarbosa e Luigi Giovannini – Um Santo para cada Dia –
Paulus).