28º Domingo do Tempo Comum – Ano A

(Is 25,6-10a; Fl 4,12-14.19-20; Mt 22,1-14).

1. Se estamos lembrados, no domingo anterior, na conclusão da parábola, Jesus afirmava aos chefes do povo que o Reino lhes seria tirado e entregue a outro povo que produzisse fruto. A parábola de hoje concretiza aquilo que havia sido dito e seus elementos coincidem: destinatários, ensinamento, mensageiros e sobretudo a figura do filho.

2. Hoje Jesus compara o reino a um banquete que o um rei dá por ocasião do casamento do seu filho. Subtende-se facilmente que Deus é o rei que apresenta o seu filho, o esposo da nova humanidade e da Igreja, anunciado pelos profetas.

3. Diante da recusa dos judeus, primeiros convidados, as portas do Reino se abrem para todos, sem discriminação: bons e maus, pecadores e publicanos, gentios e pagãos. Aqui aparecem os novos destinatários do chamamento ao Reino. 

4. A parábola nos fala dessa vocação universal do reino descrito através de um banquete. Dessa imagem que a 1ª leitura nos traz. Mas Jesus o coloca num contexto nupcial, para falar do amor gratuito de Deus ao ser humano. Nesse contexto se acrescenta uma outra narrativa: um convidado é excluído por não portar a veste nupcial.

5. Não é difícil entender: esse personagem serve de aviso. Ainda que o convite pareça universal e indiscriminado, não nos devemos enganar com uma falsa segurança de salvação, pois ainda que muitos sejam chamados, poucos são escolhidos.

6. Em outras palavras, somos convidados a deixar que o Espírito renove a nossa mentalidade para estarmos em acordo com o que somos chamados a viver.

7. A imagem do banquete, tanto na 1ª leitura quanto no evangelho, nos remete à Eucaristia, o grande sinal do banquete do Reino que antecipa o eterno festim messiânico. Estarmos aqui não deve ser algo triste e penoso, mas uma prazerosa comunhão com Deus e os irmãos. “Felizes os convidados...”.

8. A importância e alegria de um convite mede-se pela categoria de quem nos convida. Como não sermos grato a essa iniciativa divina? Mas sabemos que é possível a recusa por causa da nossa cegueira e mesquinhos interesses. Não só dizemos não a Deus, mas também à fraternidade humana.

9. Para darmos uma resposta adequada ao convite de Deus primeiramente precisamos ser pobres em espírito, um coração desapegado do consumismo, aberto à partilha, livre como o de Paulo em sua despedida na 2ª leitura. Segundo: empreender um caminho de conversão da mente, do coração e da vida.

10. Por último, um espírito alegre e fraternal, deixando de lado a autossuficiência. Ainda que a salvação precise de nosso querer e colaboração, é Deus que nos conforta e capacita para a resposta.

“Bendizemos-Te, Pai, com os pobres da terra porque nos reservaste um lugar de honra na vida e na mesa aberta e fraternal do banquete do teu reino, onde o corpo de Cristo é o nosso pão familiar. Bendito sejas, por Jesus Cristo, teu Filho, que é o noivo do casamento com a humanidade e a Igreja. Livra-nos da loucura de recusar o teu convite deferente com as desculpas ridículas de nossa falta de solidariedade míope. Reveste-nos da condição nova do batismo, como homens e mulheres nascidos em Cristo pelo Espírito, para sermos dignos de estar à tua mesa para sempre. Amém” (B. Caballero – A Palavra de cada Domingo – Paulus).

 Pe. João Bosco Vieira Leite