(Is 5,1-7; Sl 79[80]; Fl 4,6-9; Mt 21,33-43).
1. A imagem da vinha toma a 1ª leitura
e o Evangelho. Com essa imagem, a liturgia trabalha essa passagem do Reino de
Deus do antigo Israel para o novo povo de Deus. Este tem fundamento no próprio
Jesus, que é a pedra angular, mas também desse novo povo, Deus exige que se
produza frutos.
2. A narrativa da parábola é simples e
clara nessa direção. Nela encontramos todos os elementos: a vinha é Israel, já
sinalizada na primeira leitura. Deus é o dono, os arrendatários são os chefes
do povo judeu; os mensageiros, os profetas; o filho morto, Jesus; e o castigo
de justiça (além da destruição de Jerusalém), a entrega da vinha a outros, ou
seja, admissão das nações pagãs no reino de Deus.
3. Assim a parábola aparece como uma
espécie de compêndio da história da salvação desde a aliança do Sinai até a
fundação da Igreja por Jesus, como novo povo de Deus. Assim Mateus nos conta
essa parábola sob dois referenciais: Cristo e a Igreja. Na comunidade de fé, o
protagonismo não é exclusivamente dos chefes religiosos, mas de todo o povo de
Deus.
4. A parábola entra num contexto de
último apelo de Cristo à conversão. Jesus está na reta final do caminho que
sobe para Jerusalém, a cidade que matava os profetas, e assim a conta para que
os representantes do povo judeu abram os olhos e reconheçam a Jesus como o
Messias, o enviado.
5. Já sabemos da reação negativa e
assim acabam por realizar o que narrava a parábola. É bem verdade que os chefes
do povo seguiam as prescrições da Lei, mas esqueciam o direto e a justiça, o
amor ao próximo e a misericórdia, os frutos que Deus mais aprecia.
6. Mas a parábola, sendo atualizada não
é tão somente uma crítica ao antigo Israel, mas uma advertência para as
comunidades cristãs de todos os tempos, convidadas a dar frutos de acordo com a
vontade de Deus. A fé, o culto e a oração irão se transformar em frutos, para
não frustrar as esperanças do Senhor nessa hora do mundo.
7. Precisamos de cristãos que produzam
frutos de humanidade e fraternidade, participação e solidariedade, justiça e
progresso, libertação e desenvolvimento autenticamente humanos.
8. O que podemos traduzir por essas
recomendações de Paulo na 2ª leitura: ‘ocupai-vos com tudo que é verdadeiro,
respeitável, justo, puro, amável”. Numa palavra: “tudo que é virtude”.
9. “Bendizemos-Te, Pai, porque
o teu amor nos escolheu como teu povo, como vinha que Tu cuidas com ternura;
nela o cálice do vinho novo do sangue de Cristo sela por meio do teu Espírito a
nova aliança com o teu povo, a Igreja. Tanto amaste o homem que lhe deste o teu
próprio Filho. E ele entregou-se incondicionalmente nas mãos dos pecadores,
para que do seu sangue derramado nascesse o novo povo, como da uva prensada
nasce o vinho novo da festa. Permite, Senhor, que na vinha da tua Igreja
possamos oferecer-Te não os agraços do nosso egoísmo, mas frutos maduros de
humanidade, fraternidade, solidariedade, justiça e paz. Amém” (B.
Caballero – A Palavra de cada Domingo – Paulus).
Pe. João Bosco Vieira Leite