(Gl 5,18-25; Sl 01; Lc 11,42-46)
28ª Semana do Tempo Comum.
“Ai de vós, fariseus,
porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas
deixais de lado a justiça e o amor de Deus. Vós deveríeis praticar isso sem
deixar de lado aquilo” Lc 11,42.
“Os fariseus e
mestres da Lei acabaram por cair num legalismo excessivo, tornando-se incapazes
de perceber a transcendência da justiça e do amor de Deus, bem como as
verdadeiras exigências da fé no Deus de Israel. Sua postura legalista levava-os
a operar uma perigosa inversão de valores: subestimavam a justiça de Deus (seu
plano de salvação para a humanidade), e também seu amor (sua oferta gratuita de
salvação a ser acolhida e vivida com humildade), por pensarem que a salvação
fosse obra do esforço humano, conseguida por meio da observância escrupulosa da
Lei. Consequentemente, o fardo pesado do legalismo que impunham às pessoas
resultava inútil. Este era um caminho inconveniente para se chegar à salvação.
O pior era que os próprios mestres da Lei, tão rigorosos com os outros, eram
muito complacentes consigo mesmos. Eram incapazes de tocar com um dedo o fardo
das exigências imposto às pessoas. Sua doutrina resultava, pois, numa inútil
opressão da consciência do povo. Denunciando os fariseus e os mestres da Lei,
Jesus abria os olhos de seus ouvintes, para não se deixarem impressionar por
este piedoso mas falso legalismo. Por outro lado, alertava os discípulos a não
se deixarem levar pelo mau exemplo dos fariseus e dos mestres da Lei. Também os
líderes da comunidade cristã, agindo sem a devida ponderação, corriam o risco
de incorrer no mesmo erro. O que seria fatal para a sua missão de servidores do
Reino. – Pai, coloca-me em sintonia com Jesus para quem a justiça e o
amor a ti valem mais que o legalismo dos que são incapazes de descobrir o teu
verdadeiro desígnio” (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O
Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).
Santo do Dia:
São Calisto I, papa e mártir.
Nasceu na segunda metade do II século, filho de um tal Domício. De condição
servil, era, todavia, muito apreciado pelo correligionário Cárpoforo, que lhe
confiou a administração dos seus bens. Algo, porém, deve não ter funcionado
bem, pois não demorou muito que o pobre Calisto teve de fazer girar uma roda de
moinho para compensar o patrão e também a comunidade cristã do dano sofrido.
Outra dura condenação – a flagelação e a deportação para a Sardenha – Calisto
teve de sofrer pouco tempo depois das acusações dos judeus. Resgatado pela
comunidade cristã, também pela colaboração de Márcia, concubina de Cômodo,
Calisto colaborou com o papa Vítor e com Zeferino, até que sucedeu como papa a
este no ano 217. A sua eleição provocou o cisma de Hipólito, que reprovava a
Calisto a sua origem servil e sobretudo a sua demasiada condescendência para os
pecadores. São Calisto teve de combater também contra a heresia sabeliana.
Morreu mártir, não pelas mãos das autoridades imperiais, como atesta o
Martirológio Romano, mas por ocasião de uma sedição popular.
Pe. João Bosco Vieira Leite