Quarta, 14 de outubro de 2020

(Gl 5,18-25; Sl 01; Lc 11,42-46) 

28ª Semana do Tempo Comum.

“Ai de vós, fariseus, porque pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas deixais de lado a justiça e o amor de Deus. Vós deveríeis praticar isso sem deixar de lado aquilo” Lc 11,42.

“Os fariseus e mestres da Lei acabaram por cair num legalismo excessivo, tornando-se incapazes de perceber a transcendência da justiça e do amor de Deus, bem como as verdadeiras exigências da fé no Deus de Israel. Sua postura legalista levava-os a operar uma perigosa inversão de valores: subestimavam a justiça de Deus (seu plano de salvação para a humanidade), e também seu amor (sua oferta gratuita de salvação a ser acolhida e vivida com humildade), por pensarem que a salvação fosse obra do esforço humano, conseguida por meio da observância escrupulosa da Lei. Consequentemente, o fardo pesado do legalismo que impunham às pessoas resultava inútil. Este era um caminho inconveniente para se chegar à salvação. O pior era que os próprios mestres da Lei, tão rigorosos com os outros, eram muito complacentes consigo mesmos. Eram incapazes de tocar com um dedo o fardo das exigências imposto às pessoas. Sua doutrina resultava, pois, numa inútil opressão da consciência do povo. Denunciando os fariseus e os mestres da Lei, Jesus abria os olhos de seus ouvintes, para não se deixarem impressionar por este piedoso mas falso legalismo. Por outro lado, alertava os discípulos a não se deixarem levar pelo mau exemplo dos fariseus e dos mestres da Lei. Também os líderes da comunidade cristã, agindo sem a devida ponderação, corriam o risco de incorrer no mesmo erro. O que seria fatal para a sua missão de servidores do Reino. – Pai, coloca-me em sintonia com Jesus para quem a justiça e o amor a ti valem mais que o legalismo dos que são incapazes de descobrir o teu verdadeiro desígnio (Pe. Jaldemir Vitório, sj – O Evangelho nosso de Cada Dia [Ano A] - Paulinas).

 

Santo do Dia:

São Calisto I, papa e mártir. Nasceu na segunda metade do II século, filho de um tal Domício. De condição servil, era, todavia, muito apreciado pelo correligionário Cárpoforo, que lhe confiou a administração dos seus bens. Algo, porém, deve não ter funcionado bem, pois não demorou muito que o pobre Calisto teve de fazer girar uma roda de moinho para compensar o patrão e também a comunidade cristã do dano sofrido. Outra dura condenação – a flagelação e a deportação para a Sardenha – Calisto teve de sofrer pouco tempo depois das acusações dos judeus. Resgatado pela comunidade cristã, também pela colaboração de Márcia, concubina de Cômodo, Calisto colaborou com o papa Vítor e com Zeferino, até que sucedeu como papa a este no ano 217. A sua eleição provocou o cisma de Hipólito, que reprovava a Calisto a sua origem servil e sobretudo a sua demasiada condescendência para os pecadores. São Calisto teve de combater também contra a heresia sabeliana. Morreu mártir, não pelas mãos das autoridades imperiais, como atesta o Martirológio Romano, mas por ocasião de uma sedição popular.

  Pe. João Bosco Vieira Leite