(At 8,26-40; Sl 65[66]; Jo 6,44-51)
3ª Semana da Páscoa.
“... E o pão que eu
darei é a minha carne dada para vida do mundo” Jo 6,51b.
“Os judeus reclamam
das palavras de Jesus, chamando atenção para sua origem terrena: ‘Não é ele
porventura Jesus, o filho de José? Acaso não conhecemos seu pai e a sua mãe?”
(6,42). Para João é importante que justamente esse homem terrestre, Jesus, seja
a manifestação do Pai. Nesse homem histórico que se criou em Nazaré, que viveu
no meio das pessoas, Deus se manifesta. ‘Aquele que crê tem a vida eterna’
(6,47). Agora o discurso de Jesus aborda um outro tema. Já não se trata de fome
e de pão que sacia a fome, e sim da questão da vida e da morte. Como posso
encontrar a vida que não morre? Jesus lembra os judeus que comeram o maná no
deserto e que, assim mesmo, tiveram que morrer. Mas quem come do pão que é o
próprio Jesus não morrerá: ‘Eu sou o pão que desce do céu. Quem comer deste pão
viverá para a eternidade’ (6,51). E então Jesus explica por que não há de
morrer quem ligar sua vida a ele: ‘O pão que eu darei é a minha carne, dada para
que o mundo tenha a vida’ (6,51). Antes de interpretar sob o aspecto
eucarístico, devemos entende-lo à luz da morte de Jesus. Jesus avisa aqui que
ele mesmo se entregará, com a sua vida terrestre, para a vida do mundo. Na
morte, ele se entregará para que nós tenhamos a vida eterna. É uma espécie de
troca divina. Jesus morre, para que nós vivamos. Jesus entrega a sua vida para
que nós a tenhamos para sempre. No discurso do pão, João visa, portanto, em
primeiro lugar, interpretar a morte e a Ressurreição de Jesus. Por isso disse
também na observação feita em 6,4: ‘Era pouco antes da Páscoa, que é a festa
dos judeus’. Em Jesus realiza-se a nova Páscoa. Manifesta-se nele a passagem da
morte para a vida. Jesus era o verdadeiro cordeiro pascal. Ele se entrega por
nós, para que nós tenhamos a vida por meio dele” (Anselm Grün
– Jesus, Porta para a Vida – Loyola).
Santo do dia:
São Pio V, papa. Miguel
Ghisleri, eleito papa em 1566 com o nome de Pio V, nasceu em Bosco Marengo, na
pronvícia de Alexadria em 1504. Aos 14 anos tinha ingressado nos dominicanos.
Após a ordenação sacerdotal, subiu rapidamente todos os degraus de uma
excepcional carreira: professor, prior de convento, superior provincial,
inquisidor em Como e em Bérgamo, bispo de Sutri e Nepi, cardeal, bispo de
Mondovi, papa. O título de inquisidor pode torna-lo antipático ao homem de
hoje, que da inquisição faz um conceito frequentemente deformado pelas
narrações superficiais. Debelou a simonia da Cúria romana e o nepotismo. Entre
as reformas no campo pastoral, por ele promovidas sob influxo do concílio de
Trento, relembramos a obrigação de residência para os bispos, a clausura dos
religiosos, o celibato e a santidade de vida dos sacerdotes, as visitas
pastorais dos bispos, o incremento das missões, a correção dos livros
litúrgicos e a censura sobre as publicações. A rígida disciplina que o santo
impôs à Igreja tinha sido norma constantes de sua própria vida. Primeiro como
bispo e cardeal, depois como papa, atuava conforme o ideal ascético do frade
mendicante. Lembrado principalmente como papa da vitória de Lepanto, era
condescendente com os humildes, paternal com a gente simples, mas inflexível e
severo com todos os que comprometiam a unidade da Igreja, não titubeou em
excomungar e decretar a destituição da rainha da Inglaterra, Elisabete I,
embora consciente das trágicas consequências que poderiam resultar deste gesto
para os católicos ingleses. Pio V morreu a 1º de maio de 1572 aos setenta e
oito anos. Foi canonizado em 1712.
Pe. João Bosco Vieira Leite