Quinta, 30 de abril de 2020


(At 8,26-40; Sl 65[66]; Jo 6,44-51) 
3ª Semana da Páscoa.

“... E o pão que eu darei é a minha carne dada para vida do mundo” Jo 6,51b.

“Os judeus reclamam das palavras de Jesus, chamando atenção para sua origem terrena: ‘Não é ele porventura Jesus, o filho de José? Acaso não conhecemos seu pai e a sua mãe?” (6,42). Para João é importante que justamente esse homem terrestre, Jesus, seja a manifestação do Pai. Nesse homem histórico que se criou em Nazaré, que viveu no meio das pessoas, Deus se manifesta. ‘Aquele que crê tem a vida eterna’ (6,47). Agora o discurso de Jesus aborda um outro tema. Já não se trata de fome e de pão que sacia a fome, e sim da questão da vida e da morte. Como posso encontrar a vida que não morre? Jesus lembra os judeus que comeram o maná no deserto e que, assim mesmo, tiveram que morrer. Mas quem come do pão que é o próprio Jesus não morrerá: ‘Eu sou o pão que desce do céu. Quem comer deste pão viverá para a eternidade’ (6,51). E então Jesus explica por que não há de morrer quem ligar sua vida a ele: ‘O pão que eu darei é a minha carne, dada para que o mundo tenha a vida’ (6,51). Antes de interpretar sob o aspecto eucarístico, devemos entende-lo à luz da morte de Jesus. Jesus avisa aqui que ele mesmo se entregará, com a sua vida terrestre, para a vida do mundo. Na morte, ele se entregará para que nós tenhamos a vida eterna. É uma espécie de troca divina. Jesus morre, para que nós vivamos. Jesus entrega a sua vida para que nós a tenhamos para sempre. No discurso do pão, João visa, portanto, em primeiro lugar, interpretar a morte e a Ressurreição de Jesus. Por isso disse também na observação feita em 6,4: ‘Era pouco antes da Páscoa, que é a festa dos judeus’. Em Jesus realiza-se a nova Páscoa. Manifesta-se nele a passagem da morte para a vida. Jesus era o verdadeiro cordeiro pascal. Ele se entrega por nós, para que nós tenhamos a vida por meio dele” (Anselm Grün – Jesus, Porta para a Vida – Loyola).

Santo do dia:
São Pio V, papa. Miguel Ghisleri, eleito papa em 1566 com o nome de Pio V, nasceu em Bosco Marengo, na pronvícia de Alexadria em 1504. Aos 14 anos tinha ingressado nos dominicanos. Após a ordenação sacerdotal, subiu rapidamente todos os degraus de uma excepcional carreira: professor, prior de convento, superior provincial, inquisidor em Como e em Bérgamo, bispo de Sutri e Nepi, cardeal, bispo de Mondovi, papa. O título de inquisidor pode torna-lo antipático ao homem de hoje, que da inquisição faz um conceito frequentemente deformado pelas narrações superficiais. Debelou a simonia da Cúria romana e o nepotismo. Entre as reformas no campo pastoral, por ele promovidas sob influxo do concílio de Trento, relembramos a obrigação de residência para os bispos, a clausura dos religiosos, o celibato e a santidade de vida dos sacerdotes, as visitas pastorais dos bispos, o incremento das missões, a correção dos livros litúrgicos e a censura sobre as publicações. A rígida disciplina que o santo impôs à Igreja tinha sido norma constantes de sua própria vida. Primeiro como bispo e cardeal, depois como papa, atuava conforme o ideal ascético do frade mendicante. Lembrado principalmente como papa da vitória de Lepanto, era condescendente com os humildes, paternal com a gente simples, mas inflexível e severo com todos os que comprometiam a unidade da Igreja, não titubeou em excomungar e decretar a destituição da rainha da Inglaterra, Elisabete I, embora consciente das trágicas consequências que poderiam resultar deste gesto para os católicos ingleses. Pio V morreu a 1º de maio de 1572 aos setenta e oito anos. Foi canonizado em 1712.   

Pe. João Bosco Vieira Leite