Quarta, 15 de abril de 2020


(At 3,1-10; Sl 104[105]; Lc 24,13-35) 
Oitava de Páscoa.

“Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles.
Os discípulos, porém, estavam como que cegos e não o reconheceram” Lc 21,15-16.

“’Da discussão nasce a luz! ’ Quem ainda não ouviu esta expressão, principalmente para contestar aqueles que deploram o debate? Pois toda vez que leio este texto dos discípulos a caminho de Emaús no domingo de Páscoa à tarde, pergunto-me se o ditado acima não surgiu a partir deste maravilhoso episódio. Até porque Jesus é a luz na linguagem bíblica. O fato de os dois discípulos discutirem é um dado interessante, pois nos remete a uma constatação surpreendente para os desavisados: até entre os filhos de Deus, não só a discussão é preciosa, como as divergências existem, e, pasmem, todas as posições divergentes podem levar a Cristo. Podem levar a Ele, porque há um condicionante: no caso de nosso texto, os dois personagens eram discípulos de Jesus, iam juntos para um mesmo destino, mas mudaram quando Jesus lhes mostrou o verdadeiro caminho. É fato que ser discípulo e estar a caminho nem sempre é garantia de um final feliz, o destino da vida eterna. É fundamental seguir o caminho que Jesus aponta. Os dois eram discípulos e caminhavam na mesma direção, mas o destino de sua vida era incerto, desconhecido, assustador. Bastou Cristo apontar para a ressurreição, e tudo passa a ter sentido, um novo caminho se abre. E onde foi que Cristo ressuscitado realmente apareceu aos dois? No estar junto (comunhão), no partir do pão, na ação de graças, enfim, onde de fato Jesus quer se fazer conhecido e transformador, no culto. Nada substitui o culto da Palavra e dos sacramentos para quem deseja realmente conhecer a Jesus e seguir o seu caminho. – Senhor, que nossos encontros de adoração não signifiquem necessariamente ausência de debates, mas que a tua Palavra nos mostre Jesus ressuscitado e o seu caminho para a vida eterna. Amém (Augusto Jacob Grün – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite