(At 2,14.22-32; Sl 15[16]; Mt 28,8-15)
Oitava de Páscoa.
“De repente, Jesus
foi ao encontro delas e disse: ‘Alegrai-vos! ’ As mulheres aproximaram-se e
prostraram-se diante de Jesus, abraçando seus pés” Mt 28,9.
“Tem um provérbio
árabe que diz: ‘Cavalo que ama o dono até respira do mesmo jeito’; um modo
original de dizer que até o mundo animal sintoniza com o mundo humano. E nós
sabemos disso por experiência! Quem de nós não se sente bem com aquele cachorro
que vem abanando o rabo de contente, ou aquele gato dengoso que salta carente
em nosso colo. Tem gente que conversa com as plantas e dizem que elas respondem
numa fala de espalhar beleza e perfume. Havia um tempo onde a menina conversava
com a boneca e criava conversa de mãe, linguagem de ternura. Os meninos conversavam
alto com as suas fantasias de quintais criando personagens de belas tramas. Ah!
De um modo ou de outro a vida deixa-se dizer! Daí veio a técnica e a boneca
veio com transistor embutido repetindo sons metálicos; as máquinas de jogos
criam ruídos especiais, e os robôs vão empobrecendo o diálogo. Tem muita
habilidade e competência cibernética aí, mas o coração? Cadê a voz do
sentimento? Então as pessoas vão abaixando as cabeças e se esquecem até de um
gostoso: ‘Bom-dia! ’ Mulheres foram visitar, na madrugada, a frieza do sepulcro
e as pedras na sua quietude de morte. Mataram o Verbo! É difícil descobrir um
encontro na morte, porém dor, saudade, amor, sintonia têm a sua fala. Chegaram
ali e recebem a vitalidade de um cumprimento: ‘Salve! ’ As mulheres
compreenderam a Ressurreição! Ele está vivo! Ele nos saudou com um Eterno
Bom-Dia! ” – Senhor, que minhas palavras, minha atenção redobrada,
minha sensibilidade não deixe ninguém ir embora sem uma palavra de vida. Amém”
(Vitório Mazzuco Filho – Graças a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite