Sexta, 17 de abril de 2020


(At 4,1-12; Sl 117[118]; Jo 21,1-14) 
Oitava de Páscoa.

“Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima e pão. Jesus disse-lhes: ‘Trazei alguns dos peixes que apanhastes’” Jo 21,9-10.

“Quem ama gosta de sentar-se à mesa. O amor tem este jeito de ceia, de banquete, mesa posta, fogo aceso. Sentar-se ao redor do alimento para partilhar vida, tempo, sabor e comida é próprio de quem ama. O amor é tanto uma mesa farta como o pouco de bens que se pode oferecer na intensidade do coração, mas nunca deixa de ser alimento. O amor tem tantos modos de encontro e não perde nunca ocasiões celebrativas. Faz festa com o pouco e compartilha o muito. O amor é sempre uma bandeja que se expõe para o outro fartar-se. Aqui o amor é Jesus acampado numa praia, já que Ele tinha armado sua barraca no mundo; e esperando aqueles que vão chegando ao seu camping famintos de convivência. Na grelha improvisada põe o trivial: peixe e pão. Porém coisa preparada com o coração é banquete dos deuses! Ali então Ele alimenta e ensina: Primeiro devemos dar o que se tem, mesmo que seja pouco. No amor o pouco é tudo! Ele toma a iniciativa e prepara pão e peixe no aguardo dos que vêm vindo. Depois convoca os que chegam a fazer o mesmo: ‘Trazei os peixes que apanhastes agora! ’ Claro! No banquete do amor cada um tem que fazer a sua parte. Não só um que prepara, mas os dois que temperam, opinam, experimentam e comem. A troca de bens gera a vida, gera o encontro, alimenta corações. Nesta pequena cena do Evangelho os discípulos perceberam que ressuscitar é dividir. – Senhor, às vezes tenho pouco para oferecer: um café com biscoito, uma água fresca, um doce caseiro. Mas fazei com que o amor que vai neste gesto leve a abundância do coração. Amém (Vitório Mazzuco Filho – Graças a Deus [1995] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite