Terça, 21 de abril de 2020


(At 4,32-37; Sl 92[93]; Jo 3,7-15) 
2ª Semana da Páscoa.

“O vento sopra onde quer, e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito” Jo 3,8.

“Assim como outras forças da natureza, o vento é incontrolável pelo ser humano. Mesmo que esta força destruidora seja a característica mais marcante do vento, sabemos que ele exerce outras funções, bem mais nobres e importantíssimas para a vida aqui na terra. A começar pela polinização, ato que fertiliza as plantas entre si, e possível pela ação do vento. Qual o vento, que é o meio que a natureza se serve para tornar a polinização possível, assim o cristão é o meio que Deus usa para a salvação chegar aos seres humanos. E assim como vento, que tem sua origem desconhecida, assim o cristão não busca reconhecimento ou recompensa, mas testemunha sua fé por meio das boas obras, próprias da natureza da fé, as boas obras ‘polinizando para salvar’. Se o vento, cujo nascedouro e direção são desconhecidos, pode ser entendido como inspiração para uma vida cristã de portentoso serviço em favor da salvação do próximo, o cristão tem sua origem e direção conhecidas, pois é ‘nascido do Espírito Santo’, e segue a direção ‘de proclamar as virtudes daquele que o chamou das trevas para a sua maravilhosa luz’. Nicodemos perguntou a Jesus se é possível nascer de novo. Para os seres humanos isto é impossível. Por isso, Jesus afirma que o cristão ‘é nascido do Espírito Santo’, isto é, a conversão para a fé é obra de Deus. Isto tudo nos coloca diante da verdadeira dimensão cristã: a origem é divina, a prática é humana. Esta simbiose divino/humano leva a salvação aos seres humanos. É a vida eterna. – Senhor, fui nascido em tua graça para minha salvação. Que a mesma graça me torne um ‘polinizador/salvação’ para o meu próximo. Amém” (Augusto Jacob Grün – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite