3º Domingo da Páscoa – Ano A

(At 2,14a.22-33; Sl 15[16]; 1Pd 1,17-21; Lc 24,13-35)

1. Estamos ainda no dia da ressurreição, no período da tarde, quando Lucas da corpo à informação deixada por Marcos que “ele se manifestou com outra aparência a dois deles que caminhavam rumo ao campo” (16,12).

2. Nesse relato Lucas nos mostra essa passagem do desencanto e do desanimo para uma fé entusiástica em Cristo ressuscitado, e assim, de um modo simples e humano, ele nos deixa um retrato da caminhada cristã em todos os tempos.

3. Um primeiro elemento que se destaca no texto é como o desalento ou a desilusão não nos permite reconhecer ao Senhor que caminha conosco. Partilham, então, com um ‘desconhecido’ as suas frustrações. É quando o próprio Jesus lhes abre a inteligência a partir das Escrituras.

4. Esta é a primeira via para que se desperte em nós a fé em Jesus: uma leitura do Novo Testamento em comunhão com as profecias messiânicas do Antigo Testamento. Uma leitura cristológica das Escrituras.

5. Num segundo momento temos a refeição em comum, depois da amizade consolidada no caminho que juntos fizeram. E assim temos uma forte e característica referência da celebração Eucarística nos gestos testemunhados por Paulo, Mateus, Marcos e Lucas.

6. O terceiro elemento salientado em nosso texto é o significado da comunidade de fé. Somos certamente um povo peregrino, mas, assim como no passado Deus caminhou com o seu povo, Jesus acompanha o novo povo de Deus e os alimenta por meio da palavra e do sacramento.

7. Como Ele mesmo havia prometido estar no meio daqueles que se reunissem em seu nome, assim os discípulos perceberam a necessidade de retomarem a convivência e a partilha, pois haviam se afastado ruminando dúvidas e reticências. Eles precisam testemunhar a experiência pessoal com o Ressuscitado.  

8. Essa bela reflexão que Lucas faz a respeito desse encontrar ao Cristo ao longo do caminho, particularmente onde a palavra e pão são partilhados, coloca em xeque as nossas comunidades de fé. São elas verdadeiramente oásis para os que peregrinam em busca de ‘alimento’, partilha e acolhimento em nosso tempo?

9. Que testemunho da ressurreição e do Ressuscitado deixamos transparecer através de nossas comunidades? A celebração Eucarística está realmente no centro de nossa caminhada de fé? Tem nos ajudado a aprofundar o verdadeiro significado da Palavra, da Eucaristia e da Fraternidade?

Bendito sejas, Senhor Jesus, pela tua paciência conosco, lentos em entender a tua palavra e hesitantes em acreditar em Ti, devido ao nosso desespero e derrotismo no caminho de Emaús. Julgávamos-Te morto para sempre, mas Tu vives hoje como ontem. Como Te conheceremos, Senhor, Deus da vida, se a tua palavra e o teu pão não aquecerem os nossos corações gelados? Abre os olhos do nosso espírito para que Te encontremos onde Tu estás vivo no clamor do pobre que sofre. Obrigado, Senhor, porque podemos reconhecer-Te na tua palavra, na eucaristia e na comunidade dos irmãos na fé. Caminha ao nosso lado e fica conosco para sempre. Amém” (B. Caballero – A Palavra de cada Domingo – Paulus). 

Pe. João Bosco Vieira Leite