Sábado, 18 de abril de 2020


(At 4,13-21; Sl 117[118]; Mc 16,9-15) 
Oitava de Páscoa.

“Por fim, Jesus apareceu aos onze discípulos enquanto estavam comendo, repreendeu-os por causa da falta de fé e pela dureza de coração, porque não tinham acreditado naqueles que o tinham visto ressuscitado”
Mc 16,14.

“Diz-se que acreditamos no próximo tanto quanto com o que ele nos diz, concorde ou não com as nossas convicções ou interesses. Este espírito humano se encaixa perfeitamente no caso dos discípulos, pois seu problema não era especificamente a credibilidade dos companheiros, mas a sua própria dificuldade em crer na ressurreição do Salvador. Amavelmente, Cristo se limita à repreensão, e evita discussões e desculpas desnecessárias. Pela singela razão de que eles, mesmo ainda se refazendo dos ‘últimos acontecimentos’ e cheios de incertezas, estavam sendo enviados como mensageiros desta notícia da ressurreição que acabava de transtornar suas próprias cabeças e corações. Esta amável repreensão de Jesus lança uma nova perspectiva sobre a questão de só se crer quando as coisas concordem com os nossos interesses e convicções. É preciso abrir mãos desses interesses e convicções pessoais, e assumir os interesses de Deus. Trabalhar, assombrar o mundo com o Evangelho da graça que dá a vida plena e eterna por meio da fé na obra de Cristo na cruz e ressurreição, em troca de ‘estar confortavelmente à mesa’, como os discípulos, quem sabe à espera de um milagre que lhes restaure a própria coragem de viver. Não existe zona de conforto para os cristãos, mas compromisso com a vida que Deus criou, cuja perfeição satanás destruiu, mas que Cristo resgatou com seu sangue e ressurreição, consumando a esperança ‘dos novos céus e nova terra’ para aqueles que amam a Deus. Incredulidade e dureza de coração podem se transformar em discipulado consagrado, desde que ouça a admoestação de Jesus: ‘Vão pelo mudo inteiro...’ (16,15). – Senhor, nem sempre minha fé é pura convicção. Mas quando isto acontecer, faça-me ouvir o ‘enviar’ de Jesus, para me transformar num discípulo enviado ao mundo. Amém (Augusto Jacob Grün – Meditações para o dia a dia [2015] – Vozes).

 Pe. João Bosco Vieira Leite