(At 4,13-21; Sl 117[118]; Mc 16,9-15)
Oitava de Páscoa.
“Por fim, Jesus
apareceu aos onze discípulos enquanto estavam comendo, repreendeu-os por causa
da falta de fé e pela dureza de coração, porque não tinham acreditado naqueles
que o tinham visto ressuscitado”
Mc 16,14.
“Diz-se que
acreditamos no próximo tanto quanto com o que ele nos diz, concorde ou não com
as nossas convicções ou interesses. Este espírito humano se encaixa
perfeitamente no caso dos discípulos, pois seu problema não era especificamente
a credibilidade dos companheiros, mas a sua própria dificuldade em crer na
ressurreição do Salvador. Amavelmente, Cristo se limita à repreensão, e evita
discussões e desculpas desnecessárias. Pela singela razão de que eles, mesmo
ainda se refazendo dos ‘últimos acontecimentos’ e cheios de incertezas, estavam
sendo enviados como mensageiros desta notícia da ressurreição que acabava de
transtornar suas próprias cabeças e corações. Esta amável repreensão de Jesus
lança uma nova perspectiva sobre a questão de só se crer quando as coisas
concordem com os nossos interesses e convicções. É preciso abrir mãos desses
interesses e convicções pessoais, e assumir os interesses de Deus. Trabalhar,
assombrar o mundo com o Evangelho da graça que dá a vida plena e eterna por
meio da fé na obra de Cristo na cruz e ressurreição, em troca de ‘estar
confortavelmente à mesa’, como os discípulos, quem sabe à espera de um milagre
que lhes restaure a própria coragem de viver. Não existe zona de conforto para
os cristãos, mas compromisso com a vida que Deus criou, cuja perfeição satanás
destruiu, mas que Cristo resgatou com seu sangue e ressurreição, consumando a
esperança ‘dos novos céus e nova terra’ para aqueles que amam a Deus.
Incredulidade e dureza de coração podem se transformar em discipulado
consagrado, desde que ouça a admoestação de Jesus: ‘Vão pelo mudo inteiro...’
(16,15). – Senhor, nem sempre minha fé é pura convicção. Mas quando
isto acontecer, faça-me ouvir o ‘enviar’ de Jesus, para me transformar num
discípulo enviado ao mundo. Amém” (Augusto Jacob Grün – Meditações
para o dia a dia [2015] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite