(At 8,1-8; Sl 65[66]; Jo 6,35-40)
3ª Semana de Páscoa.
“Eu sou o pão da
vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”
Jo 6,35.
“O Evangelho de João
estimula-nos a ultrapassar a dimensão sensível, temporal da vida, e daquilo que
a torna satisfatoriamente vivida, para termos fome e sede de alguma coisa –
melhor dizendo, de Alguém – capaz de conferir plenitude e sentido de
definitivo. Não é fácil, porém, colocarmo-nos neste nível de procura e de
acolhimento: ‘Embora Me tivésseis visto, não acreditais’ (Jo 6,36). Se isto era
válido para aqueles que seguiam Jesus e O viam com os olhos do corpo, mas não O
conheciam com o coração, com maior razão pode valer para nós, que de Nosso
Senhor não vemos ‘corporalmente, neste mundo, senão o Santíssimo Corpo e Sangue
que os sacerdotes consagram’ (São Francisco, Testamento, 113). Mas, porventura,
a barreira que se levanta entre o nosso olhar e a compreensão de fé não é
representada pelo pobre sinal eucarístico feito de pão e de vinho, mas pela
cegueira de coração que quereria ver outra coisa para não andar inquietado, nem
perturbado em profundidade na sua grosseria. A vontade de salvação de Deus, a
obediência do Filho em atrair todos para Si, enquanto pessoas que o Pai confiou
nas Suas mãos, precisam da nossa colaboração. Mas se a nossa vontade de poder e
de auto exaltação pode contrastar com o projeto divino de salvação, a morte não
pode vencer a vida eterna. Assim, o sangue de Estevão, o luto pela sua morte e
a fúria da perseguição não venceram o Evangelho, mas foram semente fecunda de
novas testemunhas e missionários, e origem de uma nova grande alegria (primeira
leitura). A alegria é um dos temas característicos de Lucas e dos Atos dos
Apóstolos: manifestação do Espírito, ela não consiste numa simples ausência de
sofrimento ou numa alegria esfuziante, mas numa alegria interior tranquila pela
salvação recebida, fruto da fé. Como já a comunidade de Jerusalém (cf. At
2,46), e depois os pagãos (cf. At 13,48-52), também a Samaria se abre à
alegria. A alegria, tal como a vida, está já presente na História, no mundo dos
homens: espera a nossa fé para ser libertada, e difundir-se” (Giuseppe
Casarin – Lecionário Comentado [Quaresma – Páscoa] – Paulus).
Santo do Dia:
Santa Catarina de
Sena, virgem e doutora da Igreja. Nasceu em Sena a 25 de março de 1347,
vigésima quarta filha de Tiago e Lapa Benincasa. Aos sete anos celebrou o
matrimônio místico com Cristo. Que isto não foi fruto de fantasias infantis,
mas o início de uma extraordinária experiência mística, logo se pode averiguar.
Aos quinze anos Catarina começava a fazer parte da Ordem Terceira de são
domingos iniciando uma vida de penitencia e extremado rigor. Analfabeta,
começou a ditar a vários amanuenses (secretários, copistas) as suas cartas,
profundas e sábias, endereçadas a papas, reis e líderes como também para o povo
humilde. O seu corajoso empenho social e político suscitou não poucas
perplexidades entre seus superiores e foi obrigada a comparecer ao capítulo
geral dos dominicanos, reunido em Florença em maio de 1377, para prestar
esclarecimento de sua conduta. Em Sena, no recolhimento de sua cela ditou o
Diálogo sobre a Divina Providência para render a Deus o seu último canto de
amor. Respondeu ao apelo de Urbano VI com que estava aliada desde o início do
grande cisma, porque o papa a quis em Roma naquele momento grave. Aí ficou
doente e, cercada dos seus numerosos discípulos, aos quais recomendou somente
que amassem uns aos outros, entregou sua alma a Deus. Era 29 de abril de 1380.
Fazia um mês que completara 33 anos. Foi canonizada a 29 de abril de 1461. Em
1939 foi declarada padroeira principal da Itália juntamente com São Francisco
de Assis. No dia 4 de outubro de 1970 Paulo VI proclamou-a doutora da Igreja.
Pe. João Bosco Vieira Leite