Quarta, 29 de abril de 2020


(At 8,1-8; Sl 65[66]; Jo 6,35-40) 
3ª Semana de Páscoa.

“Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”
Jo 6,35.

“O Evangelho de João estimula-nos a ultrapassar a dimensão sensível, temporal da vida, e daquilo que a torna satisfatoriamente vivida, para termos fome e sede de alguma coisa – melhor dizendo, de Alguém – capaz de conferir plenitude e sentido de definitivo. Não é fácil, porém, colocarmo-nos neste nível de procura e de acolhimento: ‘Embora Me tivésseis visto, não acreditais’ (Jo 6,36). Se isto era válido para aqueles que seguiam Jesus e O viam com os olhos do corpo, mas não O conheciam com o coração, com maior razão pode valer para nós, que de Nosso Senhor não vemos ‘corporalmente, neste mundo, senão o Santíssimo Corpo e Sangue que os sacerdotes consagram’ (São Francisco, Testamento, 113). Mas, porventura, a barreira que se levanta entre o nosso olhar e a compreensão de fé não é representada pelo pobre sinal eucarístico feito de pão e de vinho, mas pela cegueira de coração que quereria ver outra coisa para não andar inquietado, nem perturbado em profundidade na sua grosseria. A vontade de salvação de Deus, a obediência do Filho em atrair todos para Si, enquanto pessoas que o Pai confiou nas Suas mãos, precisam da nossa colaboração. Mas se a nossa vontade de poder e de auto exaltação pode contrastar com o projeto divino de salvação, a morte não pode vencer a vida eterna. Assim, o sangue de Estevão, o luto pela sua morte e a fúria da perseguição não venceram o Evangelho, mas foram semente fecunda de novas testemunhas e missionários, e origem de uma nova grande alegria (primeira leitura). A alegria é um dos temas característicos de Lucas e dos Atos dos Apóstolos: manifestação do Espírito, ela não consiste numa simples ausência de sofrimento ou numa alegria esfuziante, mas numa alegria interior tranquila pela salvação recebida, fruto da fé. Como já a comunidade de Jerusalém (cf. At 2,46), e depois os pagãos (cf. At 13,48-52), também a Samaria se abre à alegria. A alegria, tal como a vida, está já presente na História, no mundo dos homens: espera a nossa fé para ser libertada, e difundir-se” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado [Quaresma – Páscoa] – Paulus).

Santo do Dia:
Santa Catarina de Sena, virgem e doutora da Igreja. Nasceu em Sena a 25 de março de 1347, vigésima quarta filha de Tiago e Lapa Benincasa. Aos sete anos celebrou o matrimônio místico com Cristo. Que isto não foi fruto de fantasias infantis, mas o início de uma extraordinária experiência mística, logo se pode averiguar. Aos quinze anos Catarina começava a fazer parte da Ordem Terceira de são domingos iniciando uma vida de penitencia e extremado rigor. Analfabeta, começou a ditar a vários amanuenses (secretários, copistas) as suas cartas, profundas e sábias, endereçadas a papas, reis e líderes como também para o povo humilde. O seu corajoso empenho social e político suscitou não poucas perplexidades entre seus superiores e foi obrigada a comparecer ao capítulo geral dos dominicanos, reunido em Florença em maio de 1377, para prestar esclarecimento de sua conduta. Em Sena, no recolhimento de sua cela ditou o Diálogo sobre a Divina Providência para render a Deus o seu último canto de amor. Respondeu ao apelo de Urbano VI com que estava aliada desde o início do grande cisma, porque o papa a quis em Roma naquele momento grave. Aí ficou doente e, cercada dos seus numerosos discípulos, aos quais recomendou somente que amassem uns aos outros, entregou sua alma a Deus. Era 29 de abril de 1380. Fazia um mês que completara 33 anos. Foi canonizada a 29 de abril de 1461. Em 1939 foi declarada padroeira principal da Itália juntamente com São Francisco de Assis. No dia 4 de outubro de 1970 Paulo VI proclamou-a doutora da Igreja.

Pe. João Bosco Vieira Leite