Segunda, 06 de abril de 2020


(Is 42,1-7; Sl 26[27; Jo 12,1-12) 
Semana Santa.

“Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro,
ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos” Jo 12,3.

“Toda a cidade conhece essa mulher: é uma pecadora. À sua passagem, os olhos acendem-se de cobiça, ou desviam-se, escandalizados. Essa mulher, que só é olhada para ser desejada ou condenada, Jesus a vê colocar a seus pés tudo o que utilizava para seduzir: suas lágrimas, seus cabelos, seu perfume. A esse gesto tão carteristicamente feminino, o próprio Cristo é profundamente sensível; não esconde sua emoção e admiração, mas logo nelas revela o segredo miraculoso de pureza. Não existe mais aqui a mulher feita para seduzir, nem o homem triunfante, orgulhoso de deixar vislumbrar sua vitória. Existe um coração perdido que, de uma vez, soube ir até o fim do amor e um coração bastante casto para ter sabido reconhece-lo, atingi-lo e libertá-lo. O mais singular na conduta de Jesus, com as mulheres, é, sem dúvida, sua perfeita naturalidade. Mais de uma vez, sua liberdade de comportamento espanta... Jesus deixa-se aproximar de pecadoras e por elas ser tocado, dá as prostitutas em exemplo: chocante para sua roda! Nunca, no entanto, ousaram acusa-lo ou suspeitá-lo de provocação ou de complacência equívoca... Pois Jesus, que escolheu viver rodeado de doze homens, por Ele chamados, acolhe todas as mulheres encontradas no seu caminho ou vindas a Ele, sem jamais revelar acanhamento, reserva, atrativo ou preferência. As mulheres que chamam sua atenção, de preferência, são as de gestos e cuidados femininos. A todas encontrou, olhou, escutou; não desprezou nem lisonjeou nenhuma. É isento de reflexos de aversão às mulheres dos quais S. Paulo, apesar de sua liberdade de espírito, é em parte prisioneiro. A liberdade de Cristo é de uma outra ordem; não depende de princípios ou de fórmulas; é a de alguém para quem a união sexual é coisa provisória, que deve cessar na Ressurreição e que se pode escolher, ignorar, sem deixar de ser homem ou mulher (Mt 19,12). Mas ele, mesmo ressuscitado, continua a chamar uma mulher por seu nome e a fazer apelos a seu coração... Jesus é perfeitamente casto, é totalmente homem” (J. Guillet – Chasteté du Christe – Ed. Beneditinas Ltda.).

Pe. João Bosco Viera Leite