(At 6,8-15; Sl 118[119]; Jo 6,22-29)
3ª Semana do Tempo Pascal.
“Jesus respondeu: ‘Em
verdade, em verdade vos digo, estais me procurando não porque vistes sinais,
mas porque comeste
pão e ficaste satisfeitos’” (Jo 6,26).
“Pão. Pão. Pão. O
velho problema do pão. Conforme dizem as notícias, um bilhão de pessoas em
nosso globo sentem carência do pão. Um bilhão! E um terço do que produzimos de
alimentos simplesmente vai para o lixo. Talvez até desse para alimentar esse
bilhão de gente que sofre com a falta de pão e muito provavelmente com a falta
ainda mais angustiosa do pão que mata a fome eternamente. Jesus, é claro,
usufruía da glória de haver multiplicado os pães e os peixes. Quem não o
faria?! Mas a sua glória não era essa, pelo menos a principal. E Ele queria a
principal: a glória de morrer na cruz. Essa glória Paulo a prega ao dizer em
1Cor 22,23a: ‘[...] os judeus pedem sinais, e os gregos procuram sabedoria,
enquanto nós pregamos Cristo crucificado [...]’. A frustração de Jesus,
portanto, ecoa a incompreensão da sua verdadeira glória. Por isso, Ele expressa
com as palavras ‘[...] comestes o pão e ficastes saciados’. Era o mesmo que
dizer: vocês reduziram minha obra ao mais simples instinto enquanto eu vim para
terem contato com a graça e o amor de Deus. Podemos até compreender o povo, com
certeza sofrido, que lutava para obter o pão sob as mais severas condições,
trabalhando de sol a sol, com chuva ou seca, frio ou calor e, ainda por cima,
pagando impostos escorchantes a uma potência estrangeira, o Império Romano. E,
agora, aparece Jesus multiplicando pães e peixes. A imensa maioria diria: O que
é que nós queremos mais? Essa redução, Jesus não podia aceitá-la. Ele era muito
mais que um prato de comida. Era a graça viva que desceu do céu e, no contato
com seu povo, esse não o reconheceu. – Senhor Jesus, talvez hoje, em
meio a problemas econômicos e financeiros, pensemos mais no pão e naquilo que
ele representa – conforto, segurança financeira, aposentadoria razoável etc. –
do que na cruz vestida por ti naquele desfile do Gólgota. Faze nossos olhos
voltar para tua glória redentora. Amém” (Martinho Lutero
Hoffmann – Meditações para o dia a dia [2017] – Vozes).
Santo do Dia:
Santa Zita, virgem. Nasceu em
1218 em Monsagrati, um povoado nas proximidades de Lucca (Itália). Vinha de uma
família humilde de camponeses, cujas meninas para adquirir um dote e, o mais
das vezes, para não ser um peso para a família, eram colocadas a serviço junto
a uma família de uma cidade. Com doze anos foi ser doméstica, num tempo em que
essa profissão era uma verdadeira servidão. Aceitou com serenidade a sua
condição social; tolerava qualquer indelicadeza, seja da parte dos patrões que
no começo trataram-na com injustificada severidade, seja da parte de suas
colegas de trabalho enciumadas por seu zelo e por seu desinteresse total. Era
generosa na esmola, vivia com muita parcimônia. Sua vida foi toda um símbolo
florido de virtudes cristãs provando que em qualquer condição social existe um
lugar para a atuação dos conselhos evangélicos. As suas virtudes impunham a
admiração de todos os que dela se aproximavam e, após a morte, 27 de abril de
1278, imprimiram uma força irresistível à devoção popular. Patrona das
domésticas.
Pe. João Bosco Vieira Leite