Quinta, 17 de outubro de 2019


(Rm 3,21-30; Sl 129[130]; Lc 11,47-54) 
Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir.

“Deus destinou Jesus Cristo a ser, por seu próprio sangue,
instrumento de expiação mediante a realidade da fé” Rm 3,25a.

“Escrevo a todas as Igrejas e insisto junto a todas que morro de boa vontade por Deus, se vós não me impedirdes. Suplico-vos, não vos transformeis em benevolência inoportuna para mim. Deixai-me ser comida para as feras, pelas quais me é possível encontrar Deus. Sou trigo de Deus e sou moído pelos dentes das feras, para que se tornem meu túmulo e não deixem sobrar nada de meu corpo, para que na minha morte não me torne peso para ninguém. Então de fato serei discípulo de Jesus Cristo, quando o mundo nem mais vir meu corpo. Implorai a Cristo em meu favor, para que por estes instrumentos me faça vítima de Deus... Sei o que me convém; começo agora a ser discípulo. Coisa alguma visível e invisível me impeça que encontre a Jesus Cristo. Fogo e cruz, manadas de feras, quebraduras de ossos, esquartejamento, trituração do corpo todo,, os piores flagelos do diabo venham sobre mim, contanto que encontre a Jesus Cristo... Maravilhoso é para mim morrer por Jesus Cristo, mais do que reinar até os confins da terra. A Ele é que procuro, que morreu por nós; quero Aquele que ressuscitou por nossa causa. Aguarda-me o meu nascimento. Perdoai-me, irmãos: não queirais impedir-me de viver, não queirais que eu morra; ao que quer ser de Deus não o presenteeis ao mundo nem o seduzais com a matéria. Permiti que receba luz pura: quando lá chegar serei homem. Permiti que seja imitador do sofrimento de meu Deus. Se alguém o possui dentro de si, há de saber o que quero e se compadecerá de mim, porque conhece o que me impulsiona. O príncipe deste século quer arrebatar-me e perverter o pensamento voltado para Deus... Nem que eu, em pessoa, vos implorasse, não deveríeis obedecer-me: obedecei antes ao que vos escrevo, pois eu o faço como alguém que vive e anela morrer. Meu amor está crucificado e não há em mim fogo para amar a matéria; pelo contrário, água viva, murmurando dentro de mim, falando-me ao interior: Vamos ao Pai! Não me agradam comida passageira, nem prazeres desta vida. Quero pão de Deus que é carne de Jesus Cristo, da descendência de Davi, e como bebida quero o sangue d’Ele, que é Amor incorruptível” (S. Inácio de Antioquia – Carta aos Romanos – Vozes).

Pe. João Bosco Vieira Leite