29º Domingo do Tempo Comum – Ano C


 (Ex 17,8-13; Sl 120[121]; 2Tm 3,14—4,2; Lc 18,1-8). 

1. Antecipando-nos ao tema da oração perseverante em nosso evangelho, a liturgia da Palavra nos propõe esse evento ocorrido na travessia do deserto entre o Egito e o monte Sinai. A intenção desse episódio é reforçar a vitória de Deus em favor do ser humano que a Ele se confia, sabendo esperar.

2. O salmo que se segue deixa claro para nós que ‘o nosso auxílio está no nome do Senhor, do Senhor que fez o céu e fez a terra’.

3. Continuamos a leitura desse escrito que é considerado o último de Paulo. Em seu testamento espiritual dirige-se a Timóteo exortando-o, novamente, a manter-se firme e perseverante na Palavra. Esta será o seu ponto seguro em meio às contínuas flutuações culturais e sociais.

4. Sua solidez depende da sua relação com a Palavra, sendo ouvinte atento e fiel e comprometendo-se em guardar e viver a Palavra. Assim Paulo está delineando a figura do Pastor e do homem de Deus que deve tornar-se pela pregação insistente e pela força que encontrará nela para os tempos difíceis.

5. Na formação dos seus discípulos durante o caminho, Jesus retoma o tema da oração. Para isso oferece uma parábola sobre uma mulher em sua fraqueza e abandono. Mas estranhamente a figura de Deus é aqui retratada como um juiz desonesto.

6. Mais estranho ainda é pensar que Jesus esteja induzindo o discípulo a forçar a vontade de Deus em seu favor. Na realidade Jesus quer deixar claro que Deus não é assim e não é preciso obriga-lo a fazer o bem ou o que nós queremos.

7. Jesus faz uma comparação: se um juiz desonesto cede, com muito maior razão Deus, que é bom, misericordioso e justo. Ele acolhe a oração de seus filhos. A questão aqui no texto está em volta não tanto da pessoa, mas o que se pede.

8. Na realidade o centro de interesse aqui é a ‘justiça’ que se pede. É esse tema da justiça, muito caro à Paulo (que estamos lendo durante a semana), que Lucas ‘bebeu’ do apóstolo.

9. “Pedir ao Senhor que nos ‘faça justiça’ significa desejar com todas as forças tornar-nos justos, obter uma boa relação com Ele, crescer na amizade com o Senhor. Significa aspirar com força e vencer o nosso adversário, isto é, o mal e aquela inclinação para o mal conatural ao nosso caráter”  (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).

10. Essa escuta certa e pronta de Deus depende dessa sintonia entre a minha vontade e a vontade de Deus. Assim, insistimos e pedimos para aprender a perdoar, a sermos humildes, generosos, pacientes...

11. Assim como Israel no deserto, a nossa vida também é marcada por esse combate através da oração constante e convicta de que só Deus pode nos ajudar na lutas que travamos, por vezes, conosco mesmos. Resta-nos perguntarmos: tenho fé suficiente e confiante para desejar aquilo que esteja em conformidade com a vontade divina?

Pe. João Bosco Vieira Leite