Quarta, 02 de outubro de 2019


(Ex 23,20-23; Sl 90[91]; Mt 18,1-5.10) 
Santos Anjos da Guarda.

“Vou enviar um anjo que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei.” Ex 23,20.

“O Anjo nos numerosos textos da Bíblia onde figura, aparece como mensageiro de Deus para o homem, encarregado de uma mensagem particular, e é este papel em que ele nos toca, que lhe valeu o nome pelo qual é designado aqui em baixo, isto é, ‘angelus’, mensageiro. Do anjo do paraíso, ao do Apocalipse que jura que ‘não haverá mais tempo’ (10,6), desde o anjo que apareceu a Manué até ao que iluminou Zacarias, desde aqueles que castigaram Eliodoro até ao que guiou o jovem Tobias, desde aquele que consolou Agar até ao que livrou S. Pedro, toda a relação sagrada é percorrida por estes irmãos temíveis, instrutivos, indulgentes. Mas a plenitude destas funções de mensageiro é reservada a Gabriel quando anuncia à Virgem de Nazaré, que ela ‘encontrou a graça e que a força do Altíssimo a cobrirá’ (Lc 1,35). Sob a nova lei, esta função ocasional dos anjos, esta missão especial e limitada, perdeu sua importância, pois que Deus mesmo está conosco e reside no meio de nossa sociedade sob o véu da Eucaristia, assim como na pessoa dos seus ministros. Eis o ‘Anjo do Grande Conselho’ (Is 9,6), que está conosco até o fim dos tempos. E é a Santa Virgem mesma, que tomou a solicitude de nos dizer que ele nos ensinaria todas as coisas (Jo 2,5). A função permanente dos anjos, quero dizer, em relação anos, é a dos Anjos da Guarda, que está exposta no célebre texto do evangelho: ‘Guardai-vos de menosprezar qualquer um destes pequeninos: porque eu vos digo, seus anjos nos céus se conservam na presença de meu Pai que está nos céus’ (Mt 18,10). A Igreja interpreta que Deus deu a todo homem que vem ao mundo um guia espiritual que o acompanha no caminho da vida, como Rafael o fez para Tobias... há entre o Anjo e nós alguma coisa de permanente. Há uma mão, mesmo quando dormimos, que não larga a nossa... sobre a terra onde estamos, partilhamos o pulso e a palpitação do coração deste irmão no céu que fala ao nosso Pai. Mas, na verdade, o que há entre nós? Por que parte de nós, somos unido a ele? Ah! Será por outra coisa que pela mão! Eu entendo ser esta luz interior que é a boa consciência... Não está dito, com efeito, no evangelho: ‘Felizes aqueles que tem o coração puro, porque verão a Deus’? (Mt 5,8). O Anjo jamais cessou de vê-lo. Mas quando temos o coração puro, todos os obstáculos desaparecem entre o espírito que vê e a alma que é feita para ser iluminada. Há continuidade por intermédio da mão este olho e o nosso coração” (Paul Claudel – Présence et Prophétie – Amiot-Dumont. Paris).

 Pe. João Bosco Vieira Leite