(Ex 23,20-23; Sl 90[91]; Mt 18,1-5.10)
Santos Anjos da Guarda.
“Vou enviar um anjo
que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te
preparei.” Ex 23,20.
“O Anjo nos numerosos
textos da Bíblia onde figura, aparece como mensageiro de Deus para o homem,
encarregado de uma mensagem particular, e é este papel em que ele nos toca, que
lhe valeu o nome pelo qual é designado aqui em baixo, isto é, ‘angelus’, mensageiro.
Do anjo do paraíso, ao do Apocalipse que jura que ‘não haverá mais tempo’
(10,6), desde o anjo que apareceu a Manué até ao que iluminou Zacarias, desde
aqueles que castigaram Eliodoro até ao que guiou o jovem Tobias, desde aquele
que consolou Agar até ao que livrou S. Pedro, toda a relação sagrada é
percorrida por estes irmãos temíveis, instrutivos, indulgentes. Mas a plenitude
destas funções de mensageiro é reservada a Gabriel quando anuncia à Virgem de
Nazaré, que ela ‘encontrou a graça e que a força do Altíssimo a cobrirá’ (Lc
1,35). Sob a nova lei, esta função ocasional dos anjos, esta missão especial e
limitada, perdeu sua importância, pois que Deus mesmo está conosco e reside no
meio de nossa sociedade sob o véu da Eucaristia, assim como na pessoa dos seus
ministros. Eis o ‘Anjo do Grande Conselho’ (Is 9,6), que está conosco até o fim
dos tempos. E é a Santa Virgem mesma, que tomou a solicitude de nos dizer que
ele nos ensinaria todas as coisas (Jo 2,5). A função permanente dos anjos,
quero dizer, em relação anos, é a dos Anjos da Guarda, que está exposta no
célebre texto do evangelho: ‘Guardai-vos de menosprezar qualquer um destes
pequeninos: porque eu vos digo, seus anjos nos céus se conservam na presença de
meu Pai que está nos céus’ (Mt 18,10). A Igreja interpreta que Deus deu a todo
homem que vem ao mundo um guia espiritual que o acompanha no caminho da vida,
como Rafael o fez para Tobias... há entre o Anjo e nós alguma coisa de
permanente. Há uma mão, mesmo quando dormimos, que não larga a nossa... sobre a
terra onde estamos, partilhamos o pulso e a palpitação do coração deste irmão
no céu que fala ao nosso Pai. Mas, na verdade, o que há entre nós? Por que
parte de nós, somos unido a ele? Ah! Será por outra coisa que pela mão! Eu
entendo ser esta luz interior que é a boa consciência... Não está dito, com
efeito, no evangelho: ‘Felizes aqueles que tem o coração puro, porque verão a
Deus’? (Mt 5,8). O Anjo jamais cessou de vê-lo. Mas quando temos o coração
puro, todos os obstáculos desaparecem entre o espírito que vê e a alma que é
feita para ser iluminada. Há continuidade por intermédio da mão este olho e o
nosso coração” (Paul Claudel – Présence et Prophétie –
Amiot-Dumont. Paris).
Pe. João Bosco Vieira Leite