(Est 5,1b-2; 7,2b-3; Sl 44[45]; Ap 12,1.5.13a.15-16a; Jo 2,1-11)
1. A liturgia de nossa solenidade está
caracterizada por essa luta entre o bem e o mal nas duas leituras, onde o bem
se faz representar por uma mulher e apesar de sua aparente fragilidade a
vitória é garantida; no evangelho a figura da mulher intercessora complementa o
sentido da festa de hoje.
2. Dificuldade, luta, intercessão, são
aspectos por traz da devoção à nossa Senhora Aparecida que a nossa liturgia
tenta ressaltar através de seus textos para expressar a devoção àquela que está
por trás desta imagem de negra cor resgatada do rio Paraíba, que por sua vez
resgata os que a ela se confiam.
3. Sob a figura de Ester se esconde a
habilidade estratégica que intercede pela vida do seu povo colocando a sua
própria vida em risco; a mulher é a realidade mais desconsiderada no mundo
oriental. Mas é ela o sinal vivo da esperança, é ela que reintroduz a vontade
de viver no coração de um povo devastado e extenuado.
4. A liturgia faz aqui uma ponte entre
a bela judia e Maria. Assim como a primeira aplaca o soberano persa, assim
também Maria se dirige ao Rei de todas as coisas para aplacar o dia do Juízo,
fazendo com que o seu amor prevaleça mais uma vez sobre a justiça. Já no sec.
II Maria recebe o título de ‘advogada’ e assim ela aparece eternizada na expressão
popular de Ariano Suassuna.
5. No texto do
Apocalipse, temos a mulher que luta com o dragão, representante das forças das
trevas e da morte. É uma mulher coroada, mas sua realeza provém exclusivamente
da realeza do Filho, que “governa todas as nações com cetro de ferro” (v. 5a).
6. O Filho é “levado
para junto de Deus e do seu trono” (v. 5b), alusão à ascensão de Cristo ao céu.
Isso significa que o Filho é vencedor contra as forças representadas pelo
dragão. E, para usufruir dessa vitória, é necessário que cada cristão sustente
a luta.
7. No combate contra
as forças do mal, o ser humano é sustentado pela fé e pela graça. Sustenta-o
também a materna proteção de Maria, que não cessa de interceder a seu Filho
para que a humanidade alcance a vida em plenitude.
8. A liturgia quer
nos lembrar que a Virgem, mesmo com sua atenção voltada para Deus, não
alienou-se da vida. Ela passa a vê-la com os olhos de Deus, em todo o seu
significado. Assim ela coloca-se também, como o Filho, a serviço da vida.
9. Isso se revela na
simplicidade do relato de quem visita a prima gestante e que mais tarde vai a
um casamento em Caná e percebe a falta de vinho da festa e suas consequências.
Mesmo sem saber exatamente o que se dará, ela confia ao Filho a situação.
10. As bodas de Caná
continuam. Mesmo hoje as mãos de Maria se estendem para Jesus a contar-lhe o
que nos falta. É a súplica constante da mãe pelos filhos. Mas também permanece
viva a sua recomendação relatando-nos a vontade de seu Filho: ‘Fazei o que Ele
vos disser’.
Pe. João Bosco Viera
Leite