N. Sra. da Conceição Aparecida – 2019


(Est 5,1b-2; 7,2b-3; Sl 44[45]; Ap 12,1.5.13a.15-16a; Jo 2,1-11) 

1. A liturgia de nossa solenidade está caracterizada por essa luta entre o bem e o mal nas duas leituras, onde o bem se faz representar por uma mulher e apesar de sua aparente fragilidade a vitória é garantida; no evangelho a figura da mulher intercessora complementa o sentido da festa de hoje.

2. Dificuldade, luta, intercessão, são aspectos por traz da devoção à nossa Senhora Aparecida que a nossa liturgia tenta ressaltar através de seus textos para expressar a devoção àquela que está por trás desta imagem de negra cor resgatada do rio Paraíba, que por sua vez resgata os que a ela se confiam.

3. Sob a figura de Ester se esconde a habilidade estratégica que intercede pela vida do seu povo colocando a sua própria vida em risco; a mulher é a realidade mais desconsiderada no mundo oriental. Mas é ela o sinal vivo da esperança, é ela que reintroduz a vontade de viver no coração de um povo devastado e extenuado.

4. A liturgia faz aqui uma ponte entre a bela judia e Maria. Assim como a primeira aplaca o soberano persa, assim também Maria se dirige ao Rei de todas as coisas para aplacar o dia do Juízo, fazendo com que o seu amor prevaleça mais uma vez sobre a justiça. Já no sec. II Maria recebe o título de ‘advogada’ e assim ela aparece eternizada na expressão popular de Ariano Suassuna.

5. No texto do Apocalipse, temos a mulher que luta com o dragão, representante das forças das trevas e da morte. É uma mulher coroada, mas sua realeza provém exclusivamente da realeza do Filho, que “governa todas as nações com cetro de ferro” (v. 5a).

6. O Filho é “levado para junto de Deus e do seu trono” (v. 5b), alusão à ascensão de Cristo ao céu. Isso significa que o Filho é vencedor contra as forças representadas pelo dragão. E, para usufruir dessa vitória, é necessário que cada cristão sustente a luta.

7. No combate contra as forças do mal, o ser humano é sustentado pela fé e pela graça. Sustenta-o também a materna proteção de Maria, que não cessa de interceder a seu Filho para que a humanidade alcance a vida em plenitude.

8. A liturgia quer nos lembrar que a Virgem, mesmo com sua atenção voltada para Deus, não alienou-se da vida. Ela passa a vê-la com os olhos de Deus, em todo o seu significado. Assim ela coloca-se também, como o Filho, a serviço da vida.

9. Isso se revela na simplicidade do relato de quem visita a prima gestante e que mais tarde vai a um casamento em Caná e percebe a falta de vinho da festa e suas consequências. Mesmo sem saber exatamente o que se dará, ela confia ao Filho a situação.

10. As bodas de Caná continuam. Mesmo hoje as mãos de Maria se estendem para Jesus a contar-lhe o que nos falta. É a súplica constante da mãe pelos filhos. Mas também permanece viva a sua recomendação relatando-nos a vontade de seu Filho: ‘Fazei o que Ele vos disser’.

Pe. João Bosco Viera Leite