(2Rs 5,14-17; Sl 97[98]; 2Tm 2,8-13; Lc 17,11-19)
1. A liturgia da Palavra une o Antigo e
o Novo Testamento em torno da doença da lepra, de um estrangeiro e da força da
palavra de quem envia. Na 1ª leitura temos o final da narrativa da cura de
Naamã, um general do exército da Síria, que sob a recomendação de uma serva
israelita busca o profeta Eliseu para curar-se.
2. O profeta o manda mergulhar no rio
Jordão e este é curado. Fortemente impressionado reconhece a sua cura como ação
do Deus de Israel, comprometendo-se em somente adorá-lo. Aqui temos a fé
despertada pela ação divina, mas a ação universalista de Deus ressaltada pelo
salmo.
3. O texto da 2ª leitura nos serve
apenas como testemunho espiritual de Paulo sobre a fé em Jesus Cristo. Fé que
não é uma opinião, mas uma sólida certeza. Preso, ele aproxima a sua
experiência da paixão de Cristo, certo de que a fidelidade a Cristo produzirá
como resultado a participação no seu Reino.
4. No episódio que se liga à 1ª
leitura, Lucas faz questão de nos lembrar o caminho que Jesus está fazendo para
Jerusalém. Tudo que aqui acontece é um aprendizado para os que o seguem. A
figura do estrangeiro leproso que encontra Jesus é uma recordação de Lucas
sobre as vicissitudes do reencontra-se com Deus.
5. Mas foram dez os curados, num
entanto só um reconhece, volta atrás, sabe interpretar o sinal da presença de
Deus em sua vida e expressa a sua gratidão. Assim, Lucas, ele mesmo
estrangeiro, deixa claro que a salvação pode ser alcançada por qualquer pessoa
que abraça a fé em Jesus.
6. Nesse breve episódio Lucas revive
alguns temas do seu evangelho. Para ele, o discípulo é alguém que se coloca a
caminho com Jesus, se deixando ‘trabalhar’ pela palavra, ao tempo que
compartilha das experiências comum a todos os seres humanos. A ele interessa
essa coragem e decisão de voltar atrás.
7. Tanto para Naamã como para o
samaritano, a salvação vem desse acolhimento do Senhor e dessa nova relação que
se estabelece. A salvação não é automática. Ela depende do nosso
reconhecimento, do nosso espírito de gratidão que ultrapassa limites e
preconceitos.
8. “Este processo é válido para cada
crente. Cada um de nós encontrou-se com o Senhor de algum modo e foi curado: se
não fisicamente, experimentou a força curativa d’Ele, capaz de marcar e mudar a
vida. Desta experiência nasceu a resposta de adesão à Sua Pessoa: a fé que
temos no Senhor Jesus significa que O reconhecemos como confiável e, de fato,
nos entregamos a Ele, nos colocamos nas Suas mãos. Assim, vivemos a salvação
como a experiência de estarmos com o Senhor e a Sua ação poderosa no caminho da
vida. Mesmo perante as nossas ‘lepras’ ou nossas infidelidades e fragilidades,
Ele mostra-Se estável e ‘fiel’ (segunda leitura), continuamente disponível a
retomar o diálogo de amor” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado –
Paulus).
Pe. João Bosco
Viera Leite