28º Domingo do Tempo Comum – Ano C


(2Rs 5,14-17; Sl 97[98]; 2Tm 2,8-13; Lc 17,11-19)

1. A liturgia da Palavra une o Antigo e o Novo Testamento em torno da doença da lepra, de um estrangeiro e da força da palavra de quem envia. Na 1ª leitura temos o final da narrativa da cura de Naamã, um general do exército da Síria, que sob a recomendação de uma serva israelita busca o profeta Eliseu para curar-se. 

2. O profeta o manda mergulhar no rio Jordão e este é curado. Fortemente impressionado reconhece a sua cura como ação do Deus de Israel, comprometendo-se em somente adorá-lo. Aqui temos a fé despertada pela ação divina, mas a ação universalista de Deus ressaltada pelo salmo.

3. O texto da 2ª leitura nos serve apenas como testemunho espiritual de Paulo sobre a fé em Jesus Cristo. Fé que não é uma opinião, mas uma sólida certeza. Preso, ele aproxima a sua experiência da paixão de Cristo, certo de que a fidelidade a Cristo produzirá como resultado a participação no seu Reino.

4. No episódio que se liga à 1ª leitura, Lucas faz questão de nos lembrar o caminho que Jesus está fazendo para Jerusalém. Tudo que aqui acontece é um aprendizado para os que o seguem. A figura do estrangeiro leproso que encontra Jesus é uma recordação de Lucas sobre as vicissitudes do reencontra-se com Deus.

5. Mas foram dez os curados, num entanto só um reconhece, volta atrás, sabe interpretar o sinal da presença de Deus em sua vida e expressa a sua gratidão. Assim, Lucas, ele mesmo estrangeiro, deixa claro que a salvação pode ser alcançada por qualquer pessoa que abraça a fé em Jesus.

6. Nesse breve episódio Lucas revive alguns temas do seu evangelho. Para ele, o discípulo é alguém que se coloca a caminho com Jesus, se deixando ‘trabalhar’ pela palavra, ao tempo que compartilha das experiências comum a todos os seres humanos. A ele interessa essa coragem e decisão de voltar atrás.

7. Tanto para Naamã como para o samaritano, a salvação vem desse acolhimento do Senhor e dessa nova relação que se estabelece. A salvação não é automática. Ela depende do nosso reconhecimento, do nosso espírito de gratidão que ultrapassa limites e preconceitos.

8. “Este processo é válido para cada crente. Cada um de nós encontrou-se com o Senhor de algum modo e foi curado: se não fisicamente, experimentou a força curativa d’Ele, capaz de marcar e mudar a vida. Desta experiência nasceu a resposta de adesão à Sua Pessoa: a fé que temos no Senhor Jesus significa que O reconhecemos como confiável e, de fato, nos entregamos a Ele, nos colocamos nas Suas mãos. Assim, vivemos a salvação como a experiência de estarmos com o Senhor e a Sua ação poderosa no caminho da vida. Mesmo perante as nossas ‘lepras’ ou nossas infidelidades e fragilidades, Ele mostra-Se estável e ‘fiel’ (segunda leitura), continuamente disponível a retomar o diálogo de amor” (Giuseppe Casarin – Lecionário Comentado – Paulus).

 Pe. João Bosco Viera Leite