30º Domingo do Tempo Comum – Ano C


(Eclo 35,15b-17.20-22a; Sl 33[34]; 2Tm 4,6-8.16-18; Lc 18,9-14)

1. Para nos ligar ao tema do evangelho, recolhemos do livro do Eclesiástico algumas máximas acerca da oração feita com humildade. Deus aparece como um juiz imparcial que não pode ser subornado e sua atenção se volta justamente para quem nada pode lhe oferecer.

2. Aqui se ressalta o valor da oração humilde, que confia na justiça divina. Ela atravessa as nuvens e alcança a sua finalidade. O salmo que se segue reforça as ideias da 1ª leitura.

3. Com a 2ª leitura temos as palavras finais da 2ª Carta a Timóteo, pouco antes de Paulo ser condenado à morte, pelas palavras utilizadas ele já pressente o que virá. Sua morte tem caráter sacrifical e expressa confiança em sua entrega a Deus. O tom é um tanto amargo e íntimo, mas parte certo de ter combatido o bom combate da fé.

4. Acompanhamos em nosso evangelho a sequência do domingo anterior, ainda sobre a oração; Lucas entende que a oração é a atitude fundamental na vida do discípulo de Jesus; depois da viúva persistente, temos outros dois modelos de oração: o presunçoso e o humilde. Como na parábola da viúva, explica-se o sentido da mesma.

5. Na realidade não se trata de uma parábola, são dois pequenos quadros contrapostos com uma espécie de juízo onde podemos identificar o bem e o mal. Ambas personagens são religiosas, mas têm vida e mentalidade diferentes. A apresentação de ambas se reduz ao essencial.

6. Jesus diz que o publicano volta para casa ‘justificado’; outro termo paulino empregado por Lucas para nos lembrar que a justificação não vem pelas obras, mas pela fé. Paulo conhecia bem os fariseus, tendo sido ele mesmo fariseu na sua juventude e um sério observador. Sua conversão leva a corrigir seu proceder religioso. 

7. A dramaticidade do nosso texto está na constatação que algumas pessoas religiosas agem de forma errada: cumprem as suas práticas com uma mentalidade não genuinamente cristã, vivem mal a sua religiosidade.

8. A pessoa do fariseu não é má em si, pois procura cumprir tudo que está prescrito, mas não é justificado pois presume sê-lo devido ao seu empenho moral. Ele não atribui a Deus a sua salvação. O publicano exprime a humildade de quem não é capaz de salvar-se sozinho e deixa claro de quem espera a sua salvação.

9. Poderíamos concluir que Jesus nos convida a abrir-nos à confiança na misericórdia de Deus, a não ter uma relação comercial com Deus e lembrar-nos que aquele que tem consciência do mal que habita em si está mais próximo de Deus.

Pe. João Bosco Vieira Leite