(At 7,51—8,1; Sl 30[31]; Jo 6,30-35)
3ª Semana da Páscoa.
“Jesus lhes disse:
‘Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim
nunca mais terá sede’” Jo 6,35.
Nenhum ser vivo se
mantém vivo sem o alimento, sem essa extraordinária troca com o meio ambiente,
donde provém todos os ingredientes para vida humana, animal, vegetal e
orgânica. Na nossa cultura ocidental o pão é imprescindível, como o é o arroz
para os orientais e o milho para as culturas originarias da América. Estes
alimentos são tão fundamentais que ao redor deles se estruturou uma gama enorme
de símbolos e as grandes culturas. No fundo se quer dizer: por mais genial que
seja um ser humano, por mais extraordinária a sua religiosidade ou por mais
liberdade interior e exterior que desfrute, tudo isso não o dispensa de um
pouco de pão e um copo de água. Sem eles não se vive. E sem a vida se esboroa a
inteligência, se esvai a religiosidade e se desfaz a liberdade. Ora, se isso
ocorre com a vida humana em seu caráter terrenal, com muito mais razão ocorre o
mesmo em seu caráter celestial. Se não nos alimentamos espiritualmente,
definhamos e morremos. Jesus é apresentado como o pão essencial e como água
viva que nos nutre em nossa dimensão de eternidade. O que são o pão e a água
para o homem/mulher-corpo é Cristo para o homem/mulher-espírito. Ele é
simplesmente o pão da vida. A promessa é grande: com Jesus seremos
absolutamente saciados. Participamos de um tipo de vida que jamais morre e nos
confere a característica da eternidade. Esse Jesus, por causa da encarnação e
na ressurreição, está dentro da história de todos os homens e mulheres. Toca-os
de forma essencial. Por isso está sempre se dando na forma de vida, de amor, de
fidelidade, de desprendimento e de solidariedade. Ele está aí anônimo e
invisível como é o sal na comida ou a luz na sala. Pela fé tiramos Jesus deste
anonimato e professamos: ele é de fato o pão essencial e água salvadora.
– Senhor, alegra-nos em saber que estás presente em nossa vida como
está o alimento que ingerimos e a água que bebemos. Faze que esta presença nos
faça fortes para aquilo que representa a vida assim como a quiseste, no amor,
no perdão, na solidariedade e na doação total ao Pai. Amém” (Leonado Boff –Graças
a Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite