(At 18,1-8; Sl 97[98]; Jo 16,16-20)
6ª Semana da Páscoa.
“Pouco tempo ainda e
já não mais me vereis, e outra vez pouco tempo e me verei de novo” Jo 16,16.
“Ainda um pouco de
tempo, diz Jesus, e já não me vereis. É como se dissesse:
Serei arrebatado de vós pela morte e não me vereis mais. Mas, não vos
entristeçais: o tempo em que não me vereis será curto. Eu ressuscitarei logo,
na manhã do terceiro dia, conforme o oráculo de Isaías: esconde-te por
alguns instantes, até que a cólera passe. E vós me vereis. De
fato, escreverá o evangelista mais adiante: Os discípulos viram o
Senhor e ficaram cheios de alegria. De alegria, porque serei glorificado,
diz Jesus. Vou a meu Pai. Como contam os Atos dos Apóstolos, eles
viram-no subir ao céu. Eis uma outra explicação. Ainda um pouco de
tempo e não me vereis mais: é a duração da nossa vida até o juízo final. E
me vereis no julgamento, na glória. Porque vou a meu Pai, por minha
Ressurreição e minha Ascensão. Nossa vida é aqui chamada um pouco de
tempo, em comparação com a eternidade, porque mil anos diante de ti
são como o dia que passou. Mas os discípulos nada compreenderam e Jesus lhes
dá a explicação. Em verdade, em verdade, vos digo, haveis de chorar
enquanto o mundo se alegrará. Isto se aplica, particularmente, ao tempo
da Paixão: os escribas e fariseus se alegrarão com a morte de Cristo. O mundo,
os maus que se acham na Igreja se alegrarão à vista dos santos perseguidos. De
maneira geral, o mundo são todos os homens que levam vida carnal e que se
alegram na posse dos bens da terra. A alegria deles, diz
Isaías, consiste em matar bois, degolar carneiros, comer carne e beber
vinhos. Mas vós ficareis tristes por causa dos sofrimentos
que recebereis do mundo, sobretudo por causa de minha morte. É o sofrimento dos
santos. O que vem das perseguições do mundo e dos próprios pecados. Aquele
sofrimento do qual São Paulo diz: A tristeza que é segundo Deus,
produz uma penitência salutar para a salvação. Mas, a vossa
tristeza se há de transformar em alegria. A tristeza causada em vós por
minha morte, transformar-se-á na alegria de minha ressurreição. De maneira
geral, a tristeza de todos os santos se transformará na alegria da vida
futura. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Na
ida caminham chorando os que lançam as sementes. E voltam cheios de alegria,
carregando suas braçadas. Os santos choram enquanto semeiam: é o tempo do
mérito. No tempo da colheita, eles se alegram: é a recompensa” (S.
Tomás de Aquino – Comentário sobre o Evangelho de São João –
Liturgia das Horas).
Pe. João Bosco Vieira Leite