Segunda, 13 de maio de 2019


(At 11,1-18; Sl 41[42]; Jo 10,1-10) 
4ª Semana do Tempo Pascal.

“E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz” Jo 10,4.

“Aonde levas, ó bom pastor, o teu rebanho a pastar, tu que o carregas todo inteiro nos teus ombros? Pois a raça humana inteira é uma ovelha única, e tu a tomaste nos teus ombros. Mostra-me o lugar de tua pastagem, faze-me conhecer as águas do teu repouso, conduze-me para a erva rica, chama-me por meu nome, afim de que eu ouça a tua voz, eu que sou tua ovelha, e seja a tua voz para mim a vida eterna. Sim, fala-me tu, a quem meu coração ama. É assim que eu te nomeio, porque o teu Nome é acima de todo Nome, inexprimível e inacessível a toda criatura intelectual. Como não te amarei, eu, que me amaste quando eu era negra, e amaste a ponto de dar a tua vida pelas ovelhas de que és o pastor? Não é possível imaginar maior amor do que teres dado a vida por minha salvação. Ensina-me pois, pede a esposa, aonde levas a pastar o teu rebanho, e eu possa encontrar a pastagem de salvação, saciar-me do alimento celeste que todo homem, para entrar na vida, deve comer; possa correr para ti, que és a fonte, e beber em longos tragos a água divina, que fazes jorrar àqueles que têm sede. Essa água brota do teu flanco desde que a lança nele abriu uma chaga, e todo aquele que a saboreia torna-se fonte d’água jorrando vida eterna. Se me conduzes por esses caminhos, me farás repousar à hora do meio dia; em paz me deitarei logo, e repousarei na luz que não conhece sombra. Não há sombra ao meio-dia, porque o sol brilha no zênite: é então que fazes repousar aqueles que conduzes, quando repartes teu repouso com teus filhos. E ninguém pode partilhar desse repouso, se não é filho da luz e filho do dia; mas aquele que se separou das trevas, esse repousa à hora o meio-dia, sob o sol de justiça. Faze-me, pois, conhecer – diz ela – onde devo repousar, mostra-me a vereda do repouso do meio-dia, para que eu não escape à tua bem-aventurada guia, e a ignorância da verdade não me junte a rebanhos estranhos ao teu. Eis o que diz a esposa ansiosa diante da beleza que Deus lhe deu, e ávida de aprender a guardar eternamente esta graça. Por enquanto ela ainda não foi julgada digna de ouvir a voz do Esposo, porque Deus tem grandes intenções a seu respeito. Ele quer que o prelúdio de seu gozo abrase o seu amor, de um desejo cada vez maior, para que, a par do seu desejo, crença também sua alegria” (S. Gregório de Nissa – La Homilia sobre o Cântico – Editora Beneditina Ltda.) .

Pe. João Bosco Vieira Leite