(At 11,1-18; Sl 41[42]; Jo 10,1-10)
4ª Semana do Tempo Pascal.
“E, depois de fazer
sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a
sua voz” Jo 10,4.
“Aonde levas, ó bom
pastor, o teu rebanho a pastar, tu que o carregas todo inteiro nos teus ombros?
Pois a raça humana inteira é uma ovelha única, e tu a tomaste nos teus ombros.
Mostra-me o lugar de tua pastagem, faze-me conhecer as águas do teu repouso,
conduze-me para a erva rica, chama-me por meu nome, afim de que eu ouça a tua
voz, eu que sou tua ovelha, e seja a tua voz para mim a vida eterna. Sim,
fala-me tu, a quem meu coração ama. É assim que eu te nomeio, porque o teu Nome
é acima de todo Nome, inexprimível e inacessível a toda criatura intelectual.
Como não te amarei, eu, que me amaste quando eu era negra, e amaste a ponto de
dar a tua vida pelas ovelhas de que és o pastor? Não é possível imaginar maior
amor do que teres dado a vida por minha salvação. Ensina-me pois, pede a
esposa, aonde levas a pastar o teu rebanho, e eu possa encontrar a pastagem de
salvação, saciar-me do alimento celeste que todo homem, para entrar na vida,
deve comer; possa correr para ti, que és a fonte, e beber em longos tragos a
água divina, que fazes jorrar àqueles que têm sede. Essa água brota do teu
flanco desde que a lança nele abriu uma chaga, e todo aquele que a saboreia
torna-se fonte d’água jorrando vida eterna. Se me conduzes por esses caminhos,
me farás repousar à hora do meio dia; em paz me deitarei logo, e repousarei na
luz que não conhece sombra. Não há sombra ao meio-dia, porque o sol brilha no
zênite: é então que fazes repousar aqueles que conduzes, quando repartes teu
repouso com teus filhos. E ninguém pode partilhar desse repouso, se não é filho
da luz e filho do dia; mas aquele que se separou das trevas, esse repousa à
hora o meio-dia, sob o sol de justiça. Faze-me, pois, conhecer – diz ela – onde
devo repousar, mostra-me a vereda do repouso do meio-dia, para que eu não
escape à tua bem-aventurada guia, e a ignorância da verdade não me junte a
rebanhos estranhos ao teu. Eis o que diz a esposa ansiosa diante da beleza que
Deus lhe deu, e ávida de aprender a guardar eternamente esta graça. Por
enquanto ela ainda não foi julgada digna de ouvir a voz do Esposo, porque Deus
tem grandes intenções a seu respeito. Ele quer que o prelúdio de seu gozo
abrase o seu amor, de um desejo cada vez maior, para que, a par do seu desejo,
crença também sua alegria” (S. Gregório de Nissa – La Homilia
sobre o Cântico – Editora Beneditina Ltda.) .
Pe. João Bosco Vieira Leite