Segunda, 20 de maio de 2019


(At 14,5-18; Sl 113B[115]; Jo 14,21-26) 
5ª Semana da Páscoa.

“Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” Jo 14,21b.

“Nessas palavras completa-se a relação pessoal com Jesus e, por meio dele e nele, com Deus. Aqui, João não quer fazer uma afirmação sobre a essência do Deus trino, ele quer simplesmente meditar sobre a realidade de Jesus que passou a morar com o Pai na glória e, ao mesmo tempo, mora também dentro de nós pelo Espírito Santo. Ele estabeleceu a sua morada entre nós, uma morada que nem a morte poderá destruir. O Espírito é a presença permanente de Jesus entre nós e dentro de nós. Jesus não nos deixa para trás, como órfãos. Ele continua conosco e dentro de nós de uma nova maneira. Ele está até mais perto de nós do que quando viveu na terra. Porque agora ele mora em nosso coração. Se Jesus não tivesse deixado os discípulos, estes correriam o perigo de projetar o seu eu sobre ele. Assim não progrediriam em seu caminho de desenvolvimento. Como Jesus os deixa, precisam encontrar o seu verdadeiro eu dentro de si mesmos. O Espírito Santo leva os discípulos àquele Cristo ‘que mora na alma e do qual nunca poderão ser separados’ (SANFORD, 1997, p. 157, v. 2). A retirada de Jesus nos torna capazes de assumir uma comunhão mais profunda com ele. Já não podemos ser separados dele. Ele se fundiu conosco. Ele é mais íntimo de nós do que nós mesmos. O Espírito é a expressão dessa nova união mais íntima com Jesus. Ele não nos abandona, como Sócrates, por exemplo, abandonou os seus discípulos, deixando-os para trás como órfãos. Jesus vive. Ele ressuscitou e nos faz participar dessa vida divina que o mundo não compreende e não enxerga. Páscoa significa que Jesus está entre nós e dentro de nós pelo Espírito como poder capaz de suscitar a vida. O ressuscitado já está entre nós pelo Espírito e não nos abandonará nunca mais. O Espírito é o futuro divino que não terá fim. A comunhão com Deus, na qual fomos introduzidos pelo Espírito, não se desfaz na morte, pelo contrário, ela se manifesta então em toda sua plenitude. Para João, o cerne do cristianismo consiste no milagre admirável da chegada de Deus entre os homens. Através de Jesus, Deus entrou no homem e continuará presente nele para todo o sempre. João não se cansa de meditar sobre essa verdade. Os discursos de despedida giram em torno desse tema, abordando-o de todos os lados, para que o leitor seja capaz de crer cada vez mais: Deus está nele, e ele está em Deus. Jesus é o milagre da presença de Deus no ser humano. O auxiliador nos comunica essa presença permanente. Ele abre o espaço do nosso coração, para que o Pai e o Filho possam estabelecer a sua morada dentro dele. Se Deus mora dentro de nós, também nós somos capazes de morar em nós mesmos, de chegar ao nosso eu verdadeiro e de estar em casa dentro de nós mesmos” (Anselm Grun – Jesus: porta para a vida – Loyola).  

Pe. João Bosco Vieira Leite