3º Domingo da Páscoa – Ano C


(At 5,27b-32.40b-41; Sl 29[30]; Ap 5,11-14; Jo 21,1-19)

1. No tempo pascal é notória e repetição de certos textos da liturgia semanal no domingo ou vice-versa. Ouvimos esse texto da 1ª leitura nessa quinta passada. Um dos retratos da audácia inaudita dos apóstolos perante as autoridades religiosas da época.

2. Eles anunciam a mensagem cristã e ao mesmo tempo dão um testemunho corajoso de vida. Tal exemplo reverberou ao longo da história cristã. Aqui se cumpre a promessa de Jesus da assistência do Espírito Santo e da bem-aventurança sobre os que são perseguidos.

3. O salmo dá voz a essa ação de graças pela libertação das mãos do inimigo, ainda que momentânea para alguns, mas principalmente da libertação do medo da morte.

4. Introduzidos no domingo anterior nas visões do autor do Apocalipse, eis que agora ele nos fala dessa entrada no céu de Jesus, o Cordeiro que foi imolado, como cabeça da Humanidade e Senhor do universo. Ele é digno de tal exultação.

5. João une a páscoa judaica com a páscoa cristã projetando em Jesus o verdadeiro Cordeiro que nos libertou dos nossos pecados por meio do seu sangue. Um diálogo litúrgico com ressonâncias cósmicas. 

6. O final do evangelho de João foi proclamado no domingo anterior, já com o sopro do Espírito Santo sobre os apóstolos e o envio em missão, mas um outro capítulo lhe foi acrescentado para falar dessa relação entre Jesus ressuscitado e seus discípulos não só na realidade do Cenáculo, mas também no contexto do dia-a-dia.

7. A liturgia nos recorda que em meio a monotonia e rotina da vida, é importante que estejamos atentos para reconhecer a presença discreta, mas real, do Senhor ressuscitado, impedindo o naufrágio no acinzentado e na banalidade da existência. Em outras palavras, recuperarmos essa separação entre fé e vida.

8. No panorama geral do texto há uma rica simbologia da Igreja na sua missão. Do sentido da Eucaristia, lugar da renovada presença do Ressuscitado, da dinâmica do amor que nos leva a reconhecer a Sua presença, como o discípulo amado, mas que também nos restaura e nos faz retomar o rumo e o discipulado, como a Pedro.

9. A cada domingo, em torno da mesa da Palavra e da Eucaristia, recolhendo o resultado de nossas ações diárias para transformá-las, somos indagados sobre o amor com que nos comprometemos pela fé e convidados a retomar o nosso seguimento como discípulas e discípulos do Ressuscitado.

Pe. João Bosco Vieira Leite