(At 16,11-15; Sl 149; Jo 15,26—16,4)
6ª Semana da Páscoa.
“Expulsar-vos-ão das
sinagogas, e virá a hora em que aquele que vos matar
julgará estar
prestando culto a Deus” Jo 16,2.
“O cristianismo é uma
realidade paradoxal. Nasceu de uma torrente de generosidade inaugurada por
Jesus Cristo. Mas na história esse patrimônio pode entrar no circuito dos
interesses humanos de poder. Pode transformar-se num sistema de verdades, de
seguranças, de normas e tradições em nome das quais se praticam exclusões e se
fazem guerras. Os principais conflitos nos últimos séculos foram religiosos
produzindo milhares de mortes, torturas e humilhações de todo gênero. As
instituições religiosas cristãs convivem mal com místicos e profetas. Por isso
todos os santos e santas fundadores de ordens e congregações ou de outras
inciativas inovadoras dentro das Igrejas conheceram a incompreensão, a
perseguição, o cárcere e alguns até a morte pela inquisição. Santa Joana d’Arc
foi queimada na fogueira. S. João da Cruz, o místico ardente, ficou longo tempo
encarcerado. Teilhard de Chardin, um dos maiores pensadores e místicos cristãos
da atualidade, ficou exilado e recluso por muitos anos na China. Os que os
condenaram o fizeram na maior das boas intenções, pensando servir a Deus.
Cristo nos advertiu para semelhantes equívocos. Ele mesmo foi vítima desta
lógica de exclusão. Mas suportou-a com liberdade interior, vivendo sem rancor e
oferecendo o perdão. – Senhor, dá-nos lucidez para não usarmos o Teu
nome ou o Teu evangelho para excluirmos pessoas ou para deixarmos de amá-las. E
se formos vítimas de incompreensão por nossas atitudes, concede-nos o dom da
resistência e do perdão. Amém” (Leonado Boff – Graças a
Deus [1995] – Vozes).
Pe. João Bosco Vieira Leite